Forte terremoto deixa centenas de mortos no Peru

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Por JEAN LUIS ARCE
Atualização:

Equipes de resgate vasculham nesta quinta-feira casas e igrejas destruídas pelo violento terremoto que atingiu o Peru em busca de mais vítimas. O tremor, que deixou centenas de mortos, provocou a interrupção de estradas e o corte no fornecimento de energia para milhares de pessoas. A Defesa Civil disse que o tremor, de magnitude 7,9 e registrado na noite de quarta-feira, deixou pelo menos 337 mortos e 1.300 feridos, mas que o número de vítimas ainda pode subir. Muita gente teve de dormir fora de casa na região litorânea de Ica, ao sul de Lima, a parte mais afetada, onde houve vários tremores secundários. "A primeira impressão da equipe é que o dano é severo, especialmente nas casas", disse Giorgio Ferrario, representante na América do Sul da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. "Sabemos por enquanto, segundo autoridades locais, que pelo menos 350 pessoas morreram, mas o saldo certamente vai subir conforme as operações de busca e resgate continuarem", disse Ferrario. Um bombeiro afirmou que pelo menos quatro pessoas ficaram presas sob os escombros da torre principal da igreja do Señor de Luren, na cidade de Ica (120 mil habitantes). As equipes de resgate tiveram dificuldades para chegar a Ica devido ao surgimento de rachaduras na pista da rodovia Pan-Americana, que acompanha o litoral peruano. Na quinta-feira, rádios disseram que o tráfego estava sendo restabelecido. Algumas estradas foram interrompidas também por deslizamentos de rochas. "Eu estava com meus filhos quando o movimento começou, e aí as paredes desabaram. Minha casa ficou destruída", disse à Reuters Milagros Meneses, 35 anos, na cidade de Cañete, ao sul de Lima, onde houve pelo menos dois mortos. "O hospital me deu uma tenda para as minhas crianças dormirem." Em Imperial, um bairro pobre de Cañete, as pessoas acenderam fogueiras dentro das ruínas das suas casas para se aquecer durante a noite. Também havia pessoas dormindo em praças, no estádio e na arena de touradas. As autoridades locais pediram o envio de cobertores e comida. "A situação é critica em Imperial. Cerca de 80 por cento das casas de barro caíram, e casas de material mais forte também desabaram", disse o prefeito Richard Yactayo à Reuters. Em Lima, funcionários engravatados corriam pelas ruas temendo o desabamento de arranha-céus depois das duas ondas de tremores, com 20 segundos cada, aproximadamente. A capital ficou às escuras, vitrines foram estilhaçadas e os celulares saíram do ar. Era possível ouvir muitas ambulâncias pelas ruas. O acesso ao aeroporto internacional ficou congestionado. Um alerta de tsunami chegou a ser declarado, mas foi retirado após se verificar que o maremoto formado era pequeno e não representava ameaça. O Ministério da Saúde declarou situação de desastre. CONDOLÊNCIAS O presidente Alan García enviou pêsames a parentes das vítimas e disse que o país escapou de "uma catástrofe com um imenso número de vítimas". Em 1970, cerca de 50 mil peruanos morreram soterrados por gelo e lama na localidade de Yungay, como resultado de um dos terremotos mais fatais da história. "Eu estava jogando futebol [na noite de terça-feira] quando o terremoto aconteceu. Corri de volta para o escritório porque sou o chefe de segurança. Agora vou ver minha família", disse Juan Francisco Acevedo, 29 anos, que trabalha numa empresa de Internet em Lima. Cristyane Marusiak, 31 anos, contou ter visto pessoas "se abraçando e gritando de medo nas ruas". O Serviço Geológico dos EUA inicialmente relatou dois terremotos num intervalo de poucos minutos, mas depois disse ter havido um só tremor, cerca de 145 quilômetros a sudeste de Lima, com foco a cerca de 40 quilômetros de profundidade. Em seguida, houve nove tremores secundários, com magnitudes variando de quase 5 a 6, segundo o geofísico Dale Grand, do Centro Nacional de Informações de Terremotos dos EUA, em Golden, Colorado. Os especialistas norte-americanos dizem que terremotos com magnitude superior a 7 normalmente provocam vítimas. A região dos Andes tem muitas falhas tectônicas. A maior parte da produção mineral do Peru, motor da economia nacional, fica longe da zona do terremoto. (Com reportagem de Terry Wade e Maria Luisa Palomino)

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