
20 de setembro de 2010 | 22h52
CIDADE DO MÉXICO- O governo do México pediu nesta segunda-feira, 20, que todos os setores da sociedade evitem pactos ou negociações com criminosos, um dia depois que o principal jornal da violenta Ciudad Juárez pediu uma trégua aos cartéis que disputam o controle do narcotráfico na cidade devido ao assassinato de um de seus fotógrafos.
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Alejandro Poiré, porta-voz do governo federal para temas de segurança, disse em coletiva de imprensa que as investigações apontam que o crime foi cometido por motivos pessoais, e não profissionais, e afirmou que pactuar com grupos criminosos não diminuirá a violência e só faria com que se submetessem a ela.
"Não cabe de modo algum por parte de nenhum setor pactuar, promover uma trégua ou negociar com os criminosos, que são justamente os que provocam a angústia da população, os que geram os sequestros, os que extorquem, os que assassinam", disse o porta-voz.
Mesmo assim, o funcionário reiterou que o governo condena qualquer ataque contra trabalhadores dos meios de comunicação.
Poire comentou que a Procuradoria Geral da República também investiga o crime contra o fotógrafo, mas disse que as autoridades estaduais já indicaram que o motivo seria "de índole pessoal e não por suas atividades profissionais".
O porta-voz acrescentou que as autoridades estão comprometidas em enfrentar a insegurança de Juárez, o que considerou que também "deve ser (compromisso) de todos os atores da sociedade".
Trégua
"Já não queremos mais mortos. Já não queremos mais feridos, nem tampouco mais intimidações. É impossível exercer nossa função nestas condições. Nos indiquem, portanto, o que esperam de nós", publicou o jornal El Diário de Juárez em seu editorial de domingo.
O diário já havia sofrido outros ataques, sendo que o último ocorreu na quinta, quando um grupo armado disparou contra os fotógrafos Luis Carlos Santiago, de 21 anos, que morreu na hora, e Carlos Sánchez, que está gravemente ferido.
O periódico pediu que os cartéis o expliquem qual tipo de informação querem ver publicada, para saber no que precisa prestar atenção e consiga estabelecer uma trégua, porque não quer que seus jornalistas sejam agredidos.
Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), o homicídio de Santiago elevou a 65 a cifra de jornalistas assassinados no país desde o ano 2000.
Em um recente relatório sobre a liberdade de expressão, a ONU e a OEA concluíram que o México é o país mais perigoso para exercer o jornalismo das Américas.
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