Os representantes do presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, rejeitaram neste sábado, 18, um acordo imediato prevendo a volta ao poder, até janeiro, de Manuel Zelaya, o líder deposto por um golpe de Estado e enviado de pijamas para a Costa Rica, no dia 28.
"Não vamos realizar nenhum acordo sem respeito às nossas instituições e à Constituição da República", afirmou Vilma Morales, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça e integrante da comissão de Micheletti no diálogo que acontece na Costa Rica.
A decisão vai de encontro com as propostas apresentadas na tarde deste sábado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, mediador do conflito político do país.
Por outro lado, Zelaya disse concordar com a proposta feita do mediador Arias de formar um governo de união nacional. "Estamos de acordo, desde que a integração aconteça em todos os poderes do Estado", afirmou. Zelaya confirmou que pretende retornar ao país, desafiando as ameaças de prisão feitas pelo governo de Micheletti.
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As Forças Armadas hondurenhas entraram hoje em alerta máximo e aumentaram sua presença no Departamento de Olancho, região de origem de Zelaya, onde um grupo de pelo menos cem manifestantes se reuniu para exigir a volta ao poder do presidente deposto.
Segundo os golpistas, a ação foi necessária porque o presidente queria violar a Constituição hondurenha, organizando uma consulta popular para alterar a Carta. A iniciativa seria uma indicação de que Zelaya pretendia seguir o caminho do presidente venezuelano, Hugo Chávez, seu aliado nos últimos anos.
Confira os sete pontos do acordo proposto por Arias:
Regresso: Restituição de Zelaya e sua permanência na Presidência até o fim do mandato, em 27 de janeiro
Transição: Formação de um governo transitório de reconciliação nacional formado por representantes dos principais partidos políticos
Perdão: Anistia para crimes políticos cometidos antes e depois do golpe do dia 28
Eleição: Antecipação das eleições presidenciais de 29 de novembro para 25 de outubro
Recuo: Não realização da consulta popular que havia sido proposta por Zelaya antes do golpe na qual os hondurenhos opinariam sobre a possibilidade de mudanças na Constituição
Militares: Subordinação das Forças Armadas ao Superior Tribunal Eleitoral um mês antes das eleições
Monitoramento: Criação de uma comissão de personalidades hondurenhas e membros de organismos internacionais, entre eles observadores da OEA, para fiscalizar o cumprimento do acordo