28 de julho de 2010 | 18h38
O Brasil buscará amanhã na reunião de chanceleres da União de Nações Sul-americanas (Unasul) convencer Colômbia e Venezuela a "esfriar a crise" até a posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse hoje o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Veja também:
Galeria: provas mostradas pela Colômbia na OEA
Histórico de tensões entre os dois países
"A posição do Brasil é que se deve tentar esfriar a crise até que o novo Governo (colombiano) assuma", para que depois "se iniciem conversas" bilaterais, declarou García. Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é tempo de paz entre Venezuela e Colômbia.
Junto ao vice-chanceler, Antonio Patriota, Garcia representará o Brasil na reunião da Unasul amanhã em Quito para debater a atual crise diplomática entre Colômbia e Venezuela.
A cúpula foi convocada depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na quinta-feira passada o rompimento das relações com a Colômbia depois que Bogotá denunciou na Organização dos Estados Americanos (OEA) a suposta presença de 1.500 guerrilheiros em solo venezuelano.
Segundo Garcia, o primeiro passo "deveria ser" abrir um parêntese até 7 de agosto, quando Santos receberá o cargo das mãos do atual presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Depois, seria necessário começar um processo de diálogo bilateral, segundo o assessor, que "deveria ser discreto, porque as conversas públicas não funcionam".
Por fim, "o ideal seria a assinatura de um pacto de não agressão" entre Colômbia e Venezuela.
No entanto, Garcia ressaltou que "o importante" neste momento "é criar confiança" entre os dois países, a fim de normalizar as relações.
Garcia reiterou que, uma vez recuperada a confiança, o Brasil acredita que seria possível um acordo para que Venezuela e Colômbia façam uma vigilância conjunta de suas fronteiras, com o objetivo de evitar a repetição de crise como a atual.
O assessor de Lula disse que essa experiência de controle conjunto "foi bem-sucedida" na fronteira entre Equador e Colômbia e permitiu começar a superar as tensões geradas em 2008 pelo ataque colombiano contra um acampamento guerrilheiro em solo equatoriano.
"Se funcionou (entre Equador e Colômbia) em uma situação de alta tensão, pensamos que pode funcionar agora" com a Venezuela, avaliou.
Segundo Garcia, assim como "a crise interna na Colômbia tem efeitos internos, também gera instabilidade na região", e por isso todos os países sul-americanos "estão muito interessados" no fim das tensões entre Colômbia e Venezuela.
No entanto, esclareceu que a colaboração dos países vizinhos da Colômbia deve ser "discreta", pois "é preciso ter cuidado para que o interesse (em ajudar na resolução do conflito) não se transforme em ingerência".
Leia ainda:
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.