
14 de abril de 2008 | 18h42
A Guarda Costeira americana está monitorando de perto os acontecimentos no Haiti, devido ao risco de que os recentes protestos na ilha empobrecida possam levar a uma onda de imigração ilegal, com pessoas tentando entrar no país pela costa da Flórida. "Nossas patrulhas estão no níveis normais, mas quando há agitações, temos que observá-las com cuidado para termos certeza de que estaremos a frente de qualquer situação", disse o suboficial Dana Warr, da 7.ª Guarda Costeira do Distrito de Miami nesta segunda-feira, 14. Veja também: Soldado das Forças da ONU é executado no Haiti Crise derruba primeiro-ministro do Haiti Brasil envia 14 toneladas de alimentos ao Haiti Até então, navios patrulheiros e aviões da Guarda Costeira não identificaram nenhum sinal de haitianos atravessando o mar, acrescentou Warr. Os protestos começaram pela alta do preço dos alimentos na cidade de Les Cayes, sul do país, no dia 3. Antes de ter diminuído na semana passada, a agitação chegou a capital, Porto Príncipe, e outras regiões, deixando sete mortos, incluindo um nigeriano que integrava a tropa de 9 mil homens das forças de paz das Nações Unidas (ONU), que patrulha o país desde 2004. Economistas haviam alertado que a situação poderia piorar, com a possibilidade de mais protestos, levando pessoas famintas para as ruas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou nesta segunda-feira, 14, que a crise global dos alimentos "alcançou proporções emergenciais" e pediu à comunidade global que "tome medida urgentes para evitar as grandes implicações políticas e de segurança da crise crescente". Os protestos contra o alto preço dos mantimentos também eclodiram recentemente no México, Nicarágua e República Dominicana. No sábado, legisladores do Haiti demitiram o primeiro-ministro Jacques Edouard Alexis por falhar no aumento da produção de comida, enquanto o presidente Rene Préval anunciou que o governo poderá oferecer subsídios no arroz, numa tentativa de baixar os preços. O Banco Mundial também anunciou que irá oferecer US$ 10 milhões adicionais para reforçar os programas de alimentação na ilha, ao mesmo tempo que a ONU pediu à comunidade internacional que contribua para atingir a meta de US$ 96 milhões que será enviada em ajuda ao país. O Haiti, que divide a ilha Hispaniola com a República Dominicana, é a nação mais pobre do hemisfério. A renda per capita é de apenas US$ 480 (cerca de R$ 816) ao ano, e quase 8,5 milhões de haitianos sobrevivem com menos de US$ 2 (aproximadamente R$ 3,40) por dia. Enquanto o campo sofre com a erosão, o país importa mais de 80% do arroz consumido na ilha. Os preços do arroz, feijão, frutas e leite condensado subiram mais de 50% no ano passado, enquanto o preço das massas dobrou.
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