Guerra afetou relação entre argentinos e britânicos por 10 anos

Em 1999, países assinaram acordo que permitia a entrada de argentinos nas Malvinas, vetada desde 1982

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

No fim da noite do dia 1.º de abril de 1982 começou a invasão   argentina às Ilhas Malvinas, ou Falklands para os ingleses. A sanguinolenta Junta Militar - que desde 1976 havia assassinado 30 mil pessoas, entre elas opositores do regime, crianças e velhos - comandava o país na época e era encabeçada pelo general Leopoldo Galtieri.

 

Veja também:

 

PUBLICIDADE

Para o registro histórico, no entanto, o dia 2 de abril é o que vale.  Nessa data, ao raiar do sol, os comandos argentinos que haviam desembarcado perto de Port Stanley atacaram a aldeia, invadindo suas ruas e tomando por surpresa a casa do governador britânico das ilhas.  No dia da invasão, morreu um argentino. Até o fim da guerra, morreriam 649.

 

A imensa maioria dos argentinos havia ouvido desde criança: "As Malvinas são argentinas." A frase era repetida à exaustão nas escolas primárias, secundárias e nas universidades.

 

A invasão de Galtieri começou dias antes com um incidente ocorrido em um arquipélago vizinho, as Ilhas Geórgias, em posse dos ingleses, e que também são reivindicadas pela Argentina. O incidente nessas ilhas começou entre soldados britânicos e um grupo de operários argentinos que trabalhavam para uma empresa de Constantino Davidoff, um polêmico empresário argentino de intensos vínculos com a ditadura.

 

O argumento inicial da Junta Militar foi que era necessária uma intervenção para proteger seus cidadãos. Diversos ex-integrantes do governo militar, historiadores e veteranos da guerra alegam hoje que a intenção de Galtieri era ocupar as Ilhas Malvinas e negociar depois.

 

As relações diplomáticas entre os dois países ficaram rompidas durante quase uma década. No dia 14 de julho de 1999,a Argentina e a Grã-Bretanha assinaram um acordo que permitirá que cidadãos argentinos possam entrar nas Ilhas Malvinas. Desde a derrota na guerra de 1982, a entrada de argentinos estava proibida.

Publicidade

 

O acordo também determinou o restabelecimento de voos comerciais entre os dois países, o desembarque de cargas e correio, além da coordenação do combate à pesca ilegal no Atlântico Sul.

O texto foi o resultado de longas negociações realizadas entre argentinos e britânicos desde o início da década, apressadas nos últimos meses pelo isolamento que o arquipélago passou a ter, desde que o Chile suspendeu os voos que abasteciam as ilhas. A decisão chilena foi tomada por causa da detenção em Londres do ex-ditador Augusto Pinochet. 

 

Por tabela, o boicote favoreceu a Argentina, mas teve sucesso absoluto quando o Brasil e o Uruguai, seus sócios no Mercosul, proibiram escalas de aviões britânicos com destino às ilhas. O alto custo do abastecimento desde a Grã-Bretanha resultou em fortes pressões sobre os kelpers, como são denominados os habitantes das ilhas, que finalmente concordaram em ceder em suas restrições com os argentinos.

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.