Honduras confirma duas mortes; aeroportos são reabertos

Golpistas suspendem toque de recolher e pede retorno à normalidade; medida só vale para voos domésticos

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Por Redação
Atualização:

O governo de facto de Honduras confirmou nesta quinta-feira, 24, que pelo menos duas pessoas morreram em incidentes registrados depois do retorno do presidente hondurenho deposto , Manuel Zelaya. O toque de recolher foi suspenso e os quatro principais aeroportos do país foram reabertos.

 

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Uma das vítimas é um homem de 65 anos que morreu "em um fogo cruzado" entre a polícia e simpatizantes de Zelaya em Tegucigalpa, e a outra é um jovem que morreu devido ao disparo de um policial por não atender a ordem de parar em San Pedro Sula, 243 quilômetros ao norte da capital. O idoso que morreu em Tegucigalpa foi identificado como Francisco Alvarado, e o jovem de San Pedro Sula como José Jacobo Perdomo, de 18 anos, segundo fontes policiais e judiciais.

 

Um irmão do idoso, Wilfredo Alvarado, relatou à imprensa que Francisco "estava descansando em casa e foi a um mercado", mas "começou a troca de tiros entre a polícia contra os manifestantes". O idoso foi levado pela Polícia a um hospital, onde morreu, disse à imprensa o porta-voz policial Orlin Cerrato.

 

Cerrato disse ainda que "são mentiras, são falsidades" que tenha dez pessoas morreram durante os distúrbios registrados em Tegucigalpa depois do retorno de Zelaya ao país, como afirmou ontem o deposto presidente hondurenho. "Tenho informação de mais de dez pessoas que foram assassinadas ontem", disse Zelaya por telefone a meios de comunicação, mas, até o momento, seus simpatizantes e as autoridades não confirmaram essas mortes.

 

Desde o retorno de Zelaya, que está na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, na segunda-feira, os simpatizantes do líder deposto protagonizaram distúrbios e saques de comércios em alguns bairros da capital, depois que policiais e militares os retiraram dos arredores da sede diplomática. As autoridades locais registram pelo menos 20 feridos e dezenas de detidos pelos distúrbios e também por violar o toque de recolher estabelecido desde segunda-feira e que foi suspenso nesta quinta.

 

O governo de facto mantém as fronteiras terrestres bloqueadas, permitindo a passagem apenas de serviços de emergência e jornalistas. Autoridades da Aviação Civil disseram que retomaram os voos nacionais de passageiros nos aeroportos de Tegucigalpa, San Pedro Sula, La Ceiba e Roatán, e os voos internacionais de carga em San Pedro Sula. "Sobre os voos internacionais (de passageiros), esperamos que a decisão de autorizar aconteça durante o dia", disse à Reuters o diretor da Aviação Civil, Alfredo San Martín.

 

Com as medidas, o governo do presidente interino, Roberto Micheletti, esboça um retorno do país à normalidade, depois de três dias de turbulências devido à volta de Zelaya. A embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde Zelaya está abrigado, no entanto, continua cercada por forças hondurenhas.

 

Em um comunicado divulgado em rede nacional de rádio e televisão na noite de quarta-feira, o governo interino de Honduras pediu que todos os trabalhadores voltem a seus postos nesta quinta-feira e afirmou que o Exército e a polícia garantirão a segurança do país. O estado de emergência decretado nos últimos dias paralisou quase que completamente o país, causando perdas diárias da ordem de US$ 50 milhões, de acordo com o repórter da BBC Arturo Wallace, que está em Honduras.

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Diante das incertezas a respeito da situação do país, milhares de hondurenhos aproveitaram uma outra suspensão do toque de recolher na quarta-feira para fazer compras em supermercados e sacar dinheiro em bancos.

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