14 de janeiro de 2013 | 21h32
No fim de semana, não houve nenhum reforço visível da segurança no principal acesso ao hospital, onde guardas fardados verificavam a identidade de transeuntes e acenavam para jornalistas de plantão.
O amplo complexo de três andares pertence ao Ministério do Interior cubano e fica no arborizado bairro de Siboney, um dos mais sofisticados do país, na periferia oeste de Havana. O ex-presidente Fidel Castro mora a poucos minutos de lá.
Já faz um mês desde que Chávez passou por sua quarta cirurgia nesse hospital em 18 meses. Desta vez, não há boletins médicos otimistas e ele não é visto nem ouvido em público há semanas.
Fidel, de 86 anos, é o paciente mais conhecido do Cimeq. Ele tem sido atendido lá desde 2006, quando foi operado por causa de uma hemorragia intestinal e transferiu o poder ao seu irmão Raúl.
Chávez, que se declara um socialista revolucionário, vê Fidel como seu mentor e costumava visitá-lo lá com frequência antes de adoecer. Ironicamente, agora é Fidel quem está rotineiramente à beira do leito do amigo, de 58 anos.
Obscuros comunicados do governo venezuelano deram conta de uma inesperada hemorragia durante a última cirurgia de Chávez, seguida por uma infecção pulmonar. Desde meados de dezembro, seu estado é descrito como "estável", mas delicado.
O próprio Chávez mantém-se em silêncio. Sua conta do Twitter, antes usada com frequência para falar a 4 milhões de seguidores, está inativa desde 1o de novembro.
A família de Chávez mantém uma vigília em Havana, enquanto outros políticos venezuelanos e vários chefes de Estado latino-americanos passam por Havana para manifestar solidariedade. No fim de semana, os presidentes de Argentina e Peru estiveram em Cuba.
O caráter exato da cirurgia e o tipo de câncer que acomete Chávez, inclusive sua localização no organismo, são tratados como segredos de Estado.
Segundo vários médicos cubanos, o Cimeq é o melhor hospital da ilha caribenha, com equipamentos modernos, bons recursos farmacêuticos e autonomia para convocar os maiores especialistas e técnicos médicos da ilha, inclusive de outros hospitais, como ocorreu no caso de Chávez.
"O Cimeq existe no século 21 e é equivalente às melhores instalações do mundo, enquanto o resto dos hospitais do país continua nos níveis do século 20", disse uma médica local, que pediu anonimato. "Não há escassez de mantimentos e medicamentos, e a comida é ótima", acrescentou.
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