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Investigação na Bolívia agrava tensão entre Morales e oposição

Por EDUARDO GARCÍA
Atualização:

A investigação sobre um grupo de europeus que supostamente teria tramado para matar o presidente Evo Morales e desestabilizar a Bolívia aprofundou a divisão política e regional no país, já que a oposição afirma que as provas apresentadas pelo governo são frágeis. A polícia matou em abril um húngaro-boliviano, um irlandês e um húngaro na cidade de Santa Cruz (leste), além de apreender armas e deter outros dois integrantes do grupo "terrorista" que estaria planejando o atentado. O esquerdista Morales disse que grupos direitistas de Santa Cruz financiavam a quadrilha, chefiada por um veterano da Guerra dos Bálcãs, Eduardo Rosza, que morreu no incidente. Os grupos políticos e empresariais de Santa Cruz, que pleiteiam mais autonomia para a região, negam envolvimento com o suposto complô armado. O promotor Marcelo Soza defendeu a investigação e disse à Reuters que testemunhas apontaram ligação financeira de dois dirigentes políticos de Santa Cruz - o governador Rubén Costas e o empresário Branco Markinkovic - com o grupo. "Se dei esses nomes é porque tenho os elementos (para provar), não os inventei. Somente estou dedicando a investigar, nada mais", disse Soza. Markinkovic disse na semana passada que as acusações são uma "montagem do governo, totalmente falsa, um ataque certeiro à autonomia" de Santa Cruz. Rivais de Morales acusaram a polícia de ter matado a sangue frio os supostos mercenários, mas o governo insiste que houve um tiroteio. Um funcionário que participa da investigação afirmou à Reuters que os investigadores esperam encontrar mais provas contra os líderes cruzenhos em cinco computadores portáteis apreendidos com o grupo armado. "Mas uma das características das células terroristas é que evitam contato cara a cara", admitiu essa fonte, que pediu anonimato. "Será difícil provar (os contatos)".

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