Jantar com Micheletti em Honduras divide deputados brasileiros

Alguns parlamentares se recusaram a encontrar presidente interino por não reconhecer o governo de facto

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Por Carol Pires e da Agência Estado
Atualização:

Houve um racha no grupo de deputados que viajou a Honduras para acompanhar a crise política agravada com o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que, na noite de quinta-feira, após visita à embaixada brasileira, onde Zelaya está abrigado, o líder do grupo, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), informou aos colegas que o presidente de facto, Roberto Micheletti, os receberia para um jantar. A notícia não foi bem-recebida pela unanimidade do grupo e os deputados Ivan Valente e Janete Pietá (PT-SP) se recusaram a participar do encontro.

 

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Como o Brasil não reconhece o governo de facto de Roberto Micheletti e as relações diplomáticas com Honduras estão paralisadas, Valente avaliou como um "equívoco" jantar com o presidente de facto. "Isto não estava combinado no plano de viagem, já havíamos recebido a garantia de não violação da embaixada brasileira por parte da Suprema Corte e do Parlamento hondurenho. Achamos que encontrar o Micheletti poderia ser entendido como uma legitimação do governo golpista", disse.

 

Participaram do encontro com Roberto Micheletti os deputados Raul Jungmann, Claudio Cajado (DEM-BA), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Maurício Rands (PT-PE). A Agência Estado tentou contato com os deputados, mas todos os celulares estavam desligados. Pouco antes, Ivan Valente havia informado que o grupo estava dentro do avião, em El Salvador, prontos para embarcar para Boa Vista (RR), de onde seguiriam para Brasília.

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Valente contou que o grupo passou cerca de três horas, na quinta-feira, na embaixada brasileira na capital Tegucigalpa, onde conversaram com Manuel Zelaya. De acordo com o deputado, 63 pessoas permanecem dentro do prédio, sendo 11 jornalistas. "Zelaya está mais tranquilo, mas ainda há afrontas à embaixada, como holofotes ligados em direção ao prédio, sistemas de som ligados, bloqueio de linha de celular e policiais mascarados ao redor da embaixada", relatou o deputado.

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