Juiz americano aprova extradição de Noriega para a França

Ex-ditador panamenho será libertado no dia 9 de prisão em Miami, onde cumpre pena por tráfico de drogas

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Por Curt Anderson e da Associated Press
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O ex-ditador panamenho Manuel Noriega poderá ser extraditado para a França após cumprir sua sentença de prisão nos Estados Unidos, onde foi condenado em 1992 por trafico de drogas. Veja também: Defesa garante retorno de Noriega em 2007 Noriega: de amigo da CIA a inimigo nº1 dos EUA Na França, Noriega deve responder por acusações de lavagem de dinheiro. A decisão tomada nesta terça-feira, 28, pelo juiz federal americano William Turnoff foi essencialmente uma formalidade, já que na semana passada um magistrado de uma corte mais alta havia negado os pedidos de advogados de Noriega para que ele retornasse para o Panamá. Os defensores do ex-ditador usaram o argumento de que ele era na verdade um "prisioneiro de guerra". Segundo as Convenções de Genebra, caso Noriega fosse classificado como "prisioneiro de guerra", ele deveria regressar imediatamente para casa após terminar de cumprir sua pena. Não foi o que considerou nesta terça-feira o juiz Turnoff. "Esta corte expedirá um certificado de extradição a respeito do general Manuel Antonio Noriega", afirmou ele ao final de uma audiência de 30 minutos realizada em Miami. Segundo o juiz, o mandato de extradição seria expedido na quarta-feira. Noriega deve ser liberado da prisão, em Miami, no dia 9 de setembro. O ex-ditador, de 73 anos, foi julgado e condenado após ser capturado por tropas americanas que invadiram o Panamá em 1989 com o objetivo de tirá-lo do poder. Acusações mais sérias Noriega enfrenta acusações muito mais sérias no Panamá do que na França. Ele já foi condenado à revelia em seu país natal pelos crimes de violação dos direitos humanos e assassinato, incluindo a decapitação, em 1985, de Hugo Spadafora, um destacado adversário dele. Mas os advogados do ex-comandante afirmam que ele deseja regressar para casa a fim de limpar seu nome. Uma alteração recente no Código Penal do Panamá permitiria a Noriega cumprir os 20 anos de prisão a que foi condenado em seu país natal em regime de prisão domiciliar, porque já ele tem mais de 70 anos de idade. Se for considerado culpado do crime de lavagem de dinheiro na França, o panamenho poderia ser condenado a outros dez anos de prisão.

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