
10 de março de 2010 | 22h00
O deputado da oposição Raul Jungmann entregou nesta quarta-feira, 10, à Presidência uma carta de dissidentes cubanos pedindo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que advogue pela liberdade dos presos políticos na ilha.
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Jungmann explicou que se trata de um carta em que os opositores do governo cubano tentaram entregar a Lula nas vésperas de uma visita que o chefe de Estado fez ao país em fevereiro e que, por razões desconhecidas, não chegou às mãos do presidente.
"O presidente disse que não sabia de nada, que não havia recebido nenhum papel e que quando recebesse alguma coisa tomaria as devidas providências, e então o entregamos esta carta para que interceda em favor dos direitos humanos e dos prisioneiros políticos em Cuba", disse o parlamentar do PPS.
O político também reiterou suas críticas a Lula pela comparação que o governante fez entre presos políticos cubanos e presos comuns em prisões brasileiras.
"Quando comparou (os presos políticos) a bandidos comuns, nivelou os presos políticos com sequestradores, assassinos e estupradores", afirmou o deputado, que recordou que a candidata do PT à presidência nas próximas eleições, Dilma Roussef, ficou presa durante a ditadura e sofreu torturas severas, "como acontece em Cuba".
Em uma entrevista a Associated Press, Lula pediu "respeito" à justiça e ao governo cubanos, e afirmou que "a greve de fome não pode ser um pretexto dos direitos humanos para libertar as pessoas".
"Imaginem se todos os bandidos presos em São Paulo fizessem um jejum para pedir sua liberação", acrescentou o presidente.
Essa comparação repercutiu hoje no Congresso, onde o próprio Jungmann propôs a aprovação de uma moção de censura pela falta de liberdades em Cuba, que foi vetada pela maioria governista.
"É lamentável que a base (parlamentar) do governo se negue a ver as flagrantes violações dos direitos humanos em Cuba, como se não bastasse as tão desastradas declarações do presidente Lula", criticou Jungmann.
As declarações de Lula também foram comentadas nesta quarta por seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o qual defendeu que "se alguém está interessado em que haja uma evolução política em Cuba, há uma receita que é muito rápida: acabar com o embargo" que os Estados Unidos mantém sobre esse país.
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