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Liberdade provisória de americanos detidos no Haiti é negada

Dez missionários retornaram à prisão sem falar com jornalistas após passarem 12 horas no tribunal

Por Associated Press
Atualização:

A justiça haitiana rechaçou nesta sexta-feira, 5, um pedido de liberdade provisória para os dez missionários norte-americanos presos sob a acusação de sequestrar crianças ilegalmente do país.

 

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Depois de terem seu pedido de liberdade negado por um juiz haitiano, os americanos retornaram a prisão sem falar com jornalistas, depois de terem passado 12 horas no tribunal. Segundo o advogado do grupo, Edwin Coq, o juiz os disse para não discutirem o caso.

 

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O juiz marcou mais três dias de depoimentos na próxima semana, começando na segunda-feira, de acordo com o advogado de defesa do grupo. Oficiais haitianos na corte se recusaram a responder às perguntas dos jornalistas.

 

O advogado disse que ao menos nove dos dez americanos - todos menos a líder do grupo, Laura Sislby - claramente não sabiam estavam sem os documentos para retirar as 33 crianças do Haiti, e deveriam ser imediatamente liberados. "Eles vieram ao Haiti para ajudar. Eles vieram em solidariedade", disse. "É escandaloso que eles estejam sendo detidos".

 

Antes dos depoimentos, Coq afirmou à repórteres que iria fazer um pedido de liberdade provisória para os americanos ao juiz.

 

Um juiz de investigação acusou os americanos nesta quinta-feira de sequestro pela tentativa de levarem 33 crianças à República Dominicana em 29 de janeiro sem a devida documentação.

 

Coq disse que Silsby sabia que não poderia levar os jovens sem os papéis necessários, mas deu a entender que os outros nove missionários não entenderam o que fizeram. O grupo batista, em sua maioria membros de duas igrejas em Idaho, insistiram em que estavam resgatando crianças abandonadas e órfãs depois do terremoto de 12 de janeiro.

 

Mas ao menos 22 das crianças, com idades entre 2 e 12 anos, têm pais. Alguns dos pais disseram à Associated Press que deram as crianças de boa vontade aos missionários porque eles prometeram à elas uma vida melhor.

 

Cada um dos americanos é acusado por sequestro, cuja sentença pode atingir de cinco a 15 anos na prisão, e por associação criminosa, com pena de três a nove anos. Coq disse que o caso foi atribuído a um juiz e que o veredicto pode levar três meses.

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"Obviamente, este é um caso para o sistema judicial haitiano", disse mais cedo a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

 

Seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, agora um enviado especial da ONU para o Haiti, se encontrou nesta sexta com o presidente René Préval na capital do país, mas afirmou que sua visita não tem nada a ver com o caso dos americanos detidos. Ele disse que Washington estava monitorando o caso.

 

Carta

 

Três líderes nacionais da Convenção Batista do Sul mandaram uma carta nesta sexta ao presidente Barack Obama o exortando a "fazer tudo a alcance de sua autoridade para garantirem um retorno seguro (dos americanos ao país)".

 

Os líderes acrescentaram que não podiam falar com autoridade sobre os motivos e ações dos detidos, afirmando que eles foram ao Haiti por si próprios e não faziam parte dos esforços de ajuda da Convenção Batista do Sul.

 

Silsby - que queria criar um orfanato para crianças haitianas na vizinha República Dominicana - e os outros nove missionários viajaram ao Haiti após o terremoto para recrutar crianças para o seu projeto.

 

A maioria das crianças vinha da vila de Callebas, onde moradores afirmaram que os pais deram as crianças porque não podiam alimentá-las nem vesti-las. Sua história contradiz a afirmação de Silsby de que todos os menores vieram de um orfanato destruído ou foram entregues por parentes distantes.

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Silsby também disse que acreditava que tinha todos os documentos necessários para atravessar a fronteira com as crianças. O cônsul dominicano no Haiti, no entanto, disse que avisou a missionária de que sua missão seria considerada tráfico de crianças se ela ignorasse os papéis de adoção necessários, que teriam de estar assinados por oficiais haitianos.

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