Um comandante militar das Farc afirmou que o maior grupo guerrilheiro colombiano colocou dinheiro na campanha do presidente do Equador, Rafael Correa, segundo um vídeo em que aparece o líder rebelde e cuja existência foi confirmada nesta sexta-feira pelo Ministério Público. O governo equatoriano reagiu poucas horas depois negando qualquer tipo de vínculo com a organização guerrilheira e exigiu da Colômbia a demonstração da veracidade da fita, acusando-a de organizar uma ofensiva política contra o Equador. "O governo do presidente Correa não tem relação e nem recebeu investimentos das Farc", disse o ministro de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, em nota no site da Presidência na Internet. "É uma campanha midíatica, não é nova (...) É parte de uma ofensiva política contra o país", acrescentou Carvajal à rádio Quito. No vídeo, exibido por canais de TV, Jorge Briceño, o "Mono Jojoy", fala num acampamento para um grupo de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A fita de vídeo foi obtida no apartamento de uma guerrilheira detida há alguns meses em Bogotá. Briceño afirma que houve "ajuda em dólares à campanha de Correa e conversas posteriores com seus enviados, incluindo alguns acordos, segundo documentos" em poder do grupo. O porta-voz do Ministério Público disse que o vídeo está com a polícia judicial. Os governos de Quito e Bogotá se enfrentaram nas últimas semanas em um novo capítulo de acusações mútuas, após um juiz ordenar a prisão do ex-ministro da Defesa colombiano, Manuel Santos, por ter liderado uma operação militar contra as Farc em território equatoriano. (Reportagem de Nelson Bocanegra)