Líder do Taleban no Paquistão está morto, dizem militantes

Membros do grupo afirmam que Baitullah Mehsud morreu em bombardeio dos EUA na última quarta-feira

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Atualização:

Baitullah Mehsud, o líder do Taleban no Paquistão, foi morto na quarta-feira durante um bombardeio americano, segundo afirmaram duas fontes do grupo extremista islâmico nesta sexta-feira, 7. Segundo o jornal americano The New York Times, o Taleban ainda estaria reunido para determinar a escolha do próximo chefe do grupo no país.

 

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O líder do Taleban paquistanês, Baitullah Mehsud, morreu em um bombardeio promovido pelos Estados Unidos, afirmou nesta sexta-feira Kafayat Ullah, um comandante subordinado a ele.

 

A confirmação de Ullah veio à tona pouco depois de o ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, ter afirmado a jornalistas em Islamabad que informações obtidas pelos serviços secretos sugeriam a morte de Mehsud.

 

Segundo Qureshi, funcionários paquistaneses viajariam à região para confirmar a informação. Mas Ullah, em conversa por telefone com a Associated Press, confirmou a morte do líder da insurgência islâmica local contra o governo paquistanês. "Eu confirmo que Baitullah Mehsud e sua esposa morreram no ataque americano contra Waziristão do Sul", declarou Ullah. Ele disse que não forneceria mais detalhes.

 

Os EUA ainda não confirmaram a morte de Mehsud. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse nesta sexta-feira que a administração ainda não pode confirmar a morte, mas reconhece que existe um crescente consenso entre "observadores de confiança" de que Mehsud morreu. Um funcionário graduado que trabalha na inteligência contra o terrorismo, no governo americano, disse que os EUA ainda trabalham na identificação final, e que agora as autoridades têm "fortes indicações" de que Mehsud está morto.

 

Familiares já confirmaram que uma das esposas de Mehsud morreu durante o mesmo ataque. O chefe do Taleban no Paquistão é acusado de ser responsável pelo atentado que matou a ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto, em 2007. O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Quresh, disse mais cedo que informações da inteligência paquistanesa confirmam que Mehsud morreu, mas que o governo ainda está buscando "verificação no local". Uma autoridade dos Estados Unidos afirmou que "há razões para acreditar que os relatos sobre sua morte possam ser verdadeiros, mas ainda não podemos confirmar".

 

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Os militantes taleban afirmaram que Mehsud estava em tratamento renal na casa de um de seus sogros na região remota de Zanghara, no Waziristão do Sul, quando mísseis lançados por uma aeronave não-tripulada americana atingiram o local. Mehsud, que era diabético, estava doente há algum tempo e foi até os familiares para obter ajuda, já que um deles é médico. Os militantes se recusaram a informar ao NYT onde acontece o encontro que escolherá o próximo chefe do Taleban por medo de um novo bombardeio americano no local.

 

Baitullah Mehsud, senhor da guerra da região do Waziristão, na fronteira com o Afeganistão, estaria no comando de cerca de 20 mil militantes em uma zona conhecida por abrigar membros da Al-Qaeda. O Departamento de Estado dos EUA oferece US$ 5 milhões pela cabeça do líder taleban - que teria cerca de 35 anos, e, muito provavelmente, analfabeto. A revista Time colocou Mehsud em sua lista das "100 pessoas mais influentes do mundo". O senhor da guerra, segundo a Time, seria "um ícone da jihad global".

 

As primeiras informações sobre a morte de Mehsud começaram a aparecer na quinta-feira. Moradores da vila atacada afirmaram que uma das mulheres do líder taleban morreu no ataque e muitas crianças foram feridas. O governo americano fez da sua morte ou captura uma de suas principais prioridades neste ano. "Tirar Mehsud do campo de batalha seria uma grande vitória", afirmou um oficial contraterrorismo americano na quinta-feira. "O mundo, e certamente o Paquistão, seriam mais seguros sem ele".

 

A área do ataque é considerada um reduto de Baitullah Mehsud, acusado pelo governo paquistanês de uma série de ataques a bomba no país. Desde julho de 2007, quando forças do governo retomaram o controle da Mesquita Vermelha, na capital Islamabad, para destruir um grupo de militantes fiéis à Mehsud, mais de 2 mil pessoas morreram em ataques desse tipo no Paquistão. Desde então, o Taleban assumiu a responsabilidade por alguns dos piores ataques no Paquistão, mas sempre negou qualquer envolvimento no assassinato da ex-primeira-ministra do país, Benazir Bhutto, em Rawalpindi, em dezembro de 2007.

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