
18 de abril de 2013 | 20h24
Maduro participará da reunião da União Sul-Americana de Nações (Unasul) em Lima um dia antes de sua posse, na sexta-feira. Ele foi nomeado pelo falecido presidente Hugo Chávez, que morreu em março, como seu sucessor político.
Protestos irromperam na Venezuela depois que Maduro venceu a eleição de domingo por menos de 2 pontos percentuais, e pelo menos oito pessoas já morreram em protestos subsequentes organizados pela oposição, que alega ter havido fraude.
Antes de embarcar para Lima, Maduro fez um discurso transmitido pela TV, dizendo que "na Venezuela nós não temos uma oposição, temos uma conspiração permanente apoiada pelos Estados Unidos."
O presidente esquerdista da Bolívia, Evo Morales, disse que os Estados Unidos não têm o direito de questionar a vitória de Maduro, já que o presidente George W. Bush conquistou a reeleição por uma margem semelhante, em 2004.
"Isso é claramente uma interferência", disse Morales em La Paz. "Condenamos e repudiamos isso. Não vamos permitir que a Bolívia ou a América Latina sejam tratadas como quintal do governo dos EUA."
Na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ao Congresso que é favorável a uma recontagem dos votos na Venezuela por causa de possíveis irregularidades.
Partidários de Maduro têm repetidamente defendido a legitimidade da sua vitória e feito referências à eleição presidencial de 2000 na Flórida, quando a Suprema Corte suspendeu uma recontagem na Flórida e Bush foi declarado vencedor naquele Estado por apenas 537 votos.
Embora já se esperasse que líderes sul-americanos moderados manifestassem apoio a Maduro, parecia improvável que eles criticassem Washington tão abertamente quanto Morales.
Os governos de Brasil, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Argentina, entre outros, já reconheceram o resultado da eleição, ao contrário dos Estados Unidos.
A União Europeia se declarou "preocupada pela crescente polarização na sociedade venezuelana" e sugeriu que as autoridades do país deveriam promover uma auditoria sobre o pleito.
O Peru detém a presidência rotativa da Unasul e os monitores eleitorais do grupo disseram que a vitória de Maduro foi legítima.
(Reportagem adicional de Carlos Quiroga, em La Paz; de Enrique Andres Pretel e Brian Ellsworth, em Caracas; de Patricia Velez, em Lima; e de Alejandro Lifschitz, em Buenos Aires)
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