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Lula apoia proposta de Chávez de reeleição ilimitada

Presidente afirma que líder venezuelano, que tenta concorrer pela 3ª vez, 'é jovem e aguenta novo mandato'

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

O presidente Lula defendeu nesta sexta-feira, 16, em entrevista coletiva em El Dilúvio, no norte da Venezuela, a iniciativa de seu colega venezuelano, Hugo Chávez, de propor a realização de um referendo sobre a possibilidade de implantação de um sistema de reeleição ilimitada para presidente da República e outros cargos do Poder Executivo do país. Lula fez a ressalva de que não considera esse o caminho para o Brasil. "Obviamente, eu vou trabalhar para fazer o meu sucessor", resumiu. Veja também: Reeleição ilimitada de Chávez será votada em 15/02  Lula declara apoio a Evo Morales em referendo boliviano Mas, sobre as pretensões do presidente venezuelano, Lula declarou: "Chávez é jovem e aguenta um novo mandato." Ele insistiu em que a questão da reeleição está relacionada "à cultura e à vontade de cada povo". Argumentou que o processo democrático se traduz na garantia a todos os candidatos de participarem dos pleitos eleitorais nas mesmas condições. Lula foi questionado por jornalistas sobre o tema da reeleição enquanto estava ao lado de Chávez durante uma visita ao Projeto Agrário Socialista Planície de Maracaibo, onde está ocorrendo neste momento o sétimo encontro bilateral do mecanismo de reuniões trimestrais entre os dois presidentes. O presidente brasileiro aproveitou para dar uma alfinetada no seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Afirmou que, se a economia brasileira estivesse bem no período de 1998 a 2002, e as pesquisas indicassem alta popularidade do então presidente, teria aparecido um deputado com uma proposta de emenda constitucional para uma nova reeleição. Lula afirmou que o questionamento de projetos de reeleição surge apenas para candidatos de esquerda que se mostram mais fortes. Insistiu em que "ninguém perguntou" ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, sobre a intenção deste de aprovar a reeleição em seu país. Disse também que ninguém questionou os primeiros-ministros de países europeus que se mantiveram nos cargos por longos períodos, como a britânica Margareth Thatcher. Em um descuido, Lula chamou de "boliviano" o povo venezuelano, e corrigiu rapidamente o deslize. Na avaliação do presidente brasileiro, caberá aos eleitores venezuelanos definirem se querem ou não a reeleição ilimitada, que será motivo do referendo marcado para 15 de fevereiro, e se querem ou não um novo mandato para Chávez. "O dia em que o povo não quiser mais, não vai votar em você, vai votar em outro", afirmou Lula, dirigindo-se ao colega.

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