O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 23, que pediu ao chefe de Estado americano, Barack Obama, uma reunião, ainda nesta semana, para discutir a crise política em Honduras. Também nesta quarta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a instabilidade no país centro-americano não oferece condições para a realização de eleições, marcadas para novembro, e por isso decidiu suspender a assistência eleitoral a Honduras.
Mais cedo, o governo de facto comunicou ao Departamento de Estado americano que está aberto a receber a visita de uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA). O presidente deposto, Manuel Zelaya declarou que ainda espera conversar "pessoalmente" com o líder interino, Roberto Micheletti, para encontrar uma solução definitiva para a crise. "O chanceler do governo de facto convidou publicamente um grupo da OEA para ir a Tegucigalpa para ajudar o diálogo", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Ian Kelly.
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"Apoiamos esta iniciativa com interesse", acrescentou Kelly. Na segunda-feira, o governo Micheletti fechou os aeroportos do país enquanto o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA, José Miguel Inzulza, planejava viajar ao país.
Os acenos ao diálogo foram feitos depois que centenas de manifestantes transformaram bairros pobres de Tegucigalpa como Pedregal e Flor del Campo numa zona de guerra. A morte de um homem de 65 anos foi a primeira reconhecida pelo governo de facto desde o golpe de Estado de 28 de junho. Zelaya,
entretanto, acusa os golpistas pela morte de pelo menos seis manifestantes.
Temendo o desabastecimento, os hondurenhos lotaram nesta quarta-feira os supermercados para estocar produtos. A preocupação não é infundada, já que muitos caminhões com alimentos foram impedidos de entrar no país porque as fronteiras estão fechadas.
O presidente deposto voltou a Honduras há dois dias e se abrigou na embaixada brasileira em Tegucigalpa. O governo de facto, que o considera fugitivo após militares o expulsarem do país, declarou toque de recolher, cercou a representação brasileira e reprimiu manifestações de partidários do presidente.
(Com AP, Reuters, Efe e Agência Estado)