Maioria dos venezuelanos acredita na recuperação de Chávez, diz pesquisa

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Por MARIO NARANJO
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A maioria dos venezuelanos acredita que o presidente Hugo Chávez vai se recuperar do câncer e voltar a ter papel ativo no governo, disse uma pesquisa nesta terça-feira, embora ele esteja hospitalizado e praticamente não seja visto há dois meses e meio. Segundo o instituto Hinterlaces, 60 por cento dos seus entrevistados acham que Chávez vai se curar e voltará a governar; 14 por cento acham que ele vai se recuperar, mas não terá condições de retomar o poder; e 12 por cento acham que seu estado é incurável. Chávez, de 58 anos, se submeteu em 11 de dezembro à quarta operação contra um câncer, em Cuba, e na semana passada voltou à Venezuela, onde se internou num hospital militar de Caracas. Exceto por quatro fotos dele em Havana, o presidente socialista não foi visto nem ouvido em público, e mesmo seu amigo e aliado Evo Morales, presidente da Bolívia, não pôde entrar no quarto dele ao fazer visitas a Caracas. A visão surpreendentemente otimista da opinião pública venezuelana contrasta com o consenso mais pessimista entre analistas e diplomatas de que o governo de Chávez pode estar chegando ao fim, 14 anos depois da sua ascensão ao poder. "Longe de enfraquecer o chavismo, longe de reduzir o apoio popular ao presidente Chávez, sua ausência e sua doença surpreenderam os vínculos de afeto e identificação com os ideais do presidente", disse o diretor da entidade, Oscar Schemel. Resultados previamente divulgados da mesma pesquisa mostravam que, se Chávez precisar deixar o poder, seu vice-presidente e sucessor nomeado, Nicolás Maduro, é favorito para vencer um possível confronto eleitoral contra o líder oposicionista Henrique Capriles, por 50 x 36 por cento das intenções de voto. O líder oposicionista acusa publicamente o Hinterlaces de ser pró-governo, e as pesquisas de opinião na Venezuela são notoriamente polêmicas e divergentes. A pesquisa também mostrou que 60 por cento consideraram ruim a desvalorização do bolívar decretada neste mês, mas o governo teve uma boa avaliação em suas políticas sociais e capacidade de melhorar a vida das pessoas. O governo não divulga detalhes sobre o estado de saúde de Chávez, mas nesta terça-feira o chanceler Elías Jaua disse que os venezuelanos precisam "ser pacientes para esperá-lo, entendê-lo e acompanhá-lo nessa batalha pela vida". "Não podemos sucumbir à chantagem da direita -e à sua crueldade e desumanidade- que clama para que o presidente apareça, intervenha, tome posse imediatamente." Chávez faltou à cerimônia de posse para um novo mandato de seis anos, em janeiro.

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