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Menem consegue só 22% dos votos em seu antigo feudo

Em declínio pessoal e político, ex-presidente argentino não consegue eleger-se governador em província natal

Por Ariel Palacios
Atualização:

O ex-presidente Carlos Menem sofreu a mais fragorosa derrota de sua longa carreira política. "El Turco", como é conhecido popularmente, ficou em terceiro lugar nas eleições realizadas no domingo, 19, em sua província natal, La Rioja.   Menem conseguiu somente 22% dos votos na província que controlou com mão de ferro por três décadas. O primeiro colocado, um aliado do presidente Néstor Kirchner, foi Luis Beder Herrera, o atual governador, reeleito com 39% dos votos. O segundo colocado foi Ricardo Quintela, com 25%, que também é um aliado de Kirchner.   Menem, ao ser informado da derrota, comentou carrancudo: "as urnas falaram. Nós, democratas, temos que saber ouvi-las". Horas antes, ele ainda alardeava que ganharia "de goleada".   Os analistas afirmam que esta eleição marcou o fim de uma era. Segundo eles, é irreversível o declínio político de Menem, caudilho que marcou a política argentina nos anos 80 e 90. Os analistas afirmam que Menem é um "fantasma" político. Seu poder se reduz ao respaldo de um prefeito em sua própria província natal e três parlamentares. Um deles é um sobrinho; a outra, uma deputada amiga. O terceiro é o próprio Menem, senador.   Ascensão e queda   Menem começou a carreira política nos anos 60. Em 1973 foi eleito governador. Em 1976 o golpe militar o cassou. Em 1983, com a volta da democracia foi eleito novamente governador. Seis anos depois, em 1989, chegava à presidência da República. Em 1994 alterou a Constituição, de forma a permitir a reeleição presidencial. Um ano depois, vencia novamente nas urnas.   Em 1999 tentou alterar novamente a Constituição, para permitir um terceiro mandato consecutivo. No entanto, a opinião pública rejeitou essa possibilidade. Nesse ano deixou a presidência, envolvido em uma série de escândalos de corrupção. Os dez anos e meio nos quais controlou a Argentina foram conhecidos como "Pizza com champanhe". Ou seja, segundo a "menemóloga" Silvina Walger, o brega tentando ser chique.   No ano 2001 Menem ficou preso durante cinco meses, acusado de contrabando de armas. No entanto, a Corte Suprema, onde tinha vários - e declarados - amigo, o absolveu. Em 2003 disputou as eleições presidenciais. Venceu o primeiro turno com 24% dos votos. No entanto, desistiu da segunda fase quando soube que as pesquisas indicavam, de forma unânime, que seu rival, Néstor Kirchner, o derrotaria com mais de 70% dos votos no segundo turno.   A desistência de Menem desagradou vastas parcelas de seu eleitorado, que consideraram sua atitude uma "covardia".   Desde 2003 Menem passou grande parte do tempo jogando golfe em La Rioja, enquanto sua esposa, a ex-miss Universo Cecilia Bolocco - chilena residente em Santiago do Chile, do outro lado da Cordilheira dos Andes - reclamava que seu marido lhe dedicava pouco tempo.   Em 2005 disputou a eleição para o Senado. Na ocasião, sua província lhe deu o primeiro sinal de ausência de poder. Entre as duas vagas para senador, Menem conseguiu a segunda. O primeiro lugar foi arrebatado por um ex-discípulo, Angel Maza. De lá para cá, os vestígios de poder de Menem terminaram de esfacelar-se.   Separação   Em junho passado a imagem de Menem foi abalada quando a revista chilena SPQ publicou uma seqüência de fotos mostrando sua mulher em relaxado topless ao lado do empresário italiano Luciano Maroccino.   A longilínea Bolocco, uma loira chilena de 41 anos, estava casada desde o ano 2000 com Menem, político que ao longo de sua carreira fez questão de alardear sobre sua "macheza". Após a publicação das fotos, entretanto, Menem anunciou a separação da ex-miss.

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