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México prende prefeitos e policiais por ligação com tráfico

Atualização:

Soldados mexicanos detiveram na terça-feira dez prefeitos e vários chefes de polícia suspeitos de ligação com traficantes no oeste do país, numa das maiores operações contra a corrupção em meio à atual "guerra às drogas". Os soldados invadiram delegacias e prefeituras para deter 27 funcionários em Michoacán, Estado do presidente Felipe Calderón, de onde no final de 2006 ele lançou uma ofensiva militar contra os cartéis de traficantes. Entre os presos há também um juiz e um ex-policial que assessora o governador local. O Ministério Público disse que todos os detidos são suspeitos de ligação com traficantes. Guerras entre os cartéis resultaram em 2.300 mortes desde o começo do ano no México, e em 6.300 homicídios em 2008. Calderón mobilizou cerca de 45 mil soldados e policiais federais para tentar controlar a situação. No Estado de Durango (noroeste), onde uma onda de assassinatos tem abalado cidades antes pacatas, foi achado na terça-feira o corpo de um jornalista policial supostamente vítima de pistoleiros a mando das quadrilhas. Durango é parte do território do foragido traficante Joaquín Guzmán, que disputa o controle da área com um cartel de Michoacán conhecido com "La Familia". Pequenas cidades de Michoacán, uma área de cultivo de maconha, estão sob cerco de cartéis rivais que desejam o controle de entrepostos rurais nas rotas do contrabando, próximos às montanhas pouco povoadas onde há laboratórios e plantação de drogas. Autoridades e policiais locais costumam receber subornos ou ameaças para ajudarem quadrilhas bem armadas a levarem drogas para os EUA, num negócio ilícito que movimenta bilhões de dólares por ano. A localidade de Uruapán, cujo prefeito foi detido na terça-feira, virou notícia em 2006 quando pistoleiros jogaram cinco cabeças humanas na pista de dança de um bar local. Em visita ao México em abril, o presidente dos EUA, Barack Obama, elogiou Calderón por sua ação contra os traficantes. Autoridades norte-americanas dizem que o agravamento da violência é um sinal de fraqueza das quadrilhas. Mas a corrupção prejudica os esforços do governo, e muitos analistas de segurança preveem uma longa luta até que o poder dos cartéis diminua notavelmente. JORNALISTA MORTO O Ministério Público de Durango disse que homens armados e mascarados invadiram a residência do jornalista Eliseo Barron, do diário de circulação nacional Milênio, e o levaram embora de sua casa, na localidade de Gómez Palacio, na noite de segunda-feira. "Seu corpo foi achado nu e com ferimentos de bala numa vala de irrigação", disse o subprocurador-geral do Estado, Noel Diaz. O Milenio confirmou a morte de seu repórter. Jornalistas mexicanos que cobrem o assunto drogas costumam ser intimidados por traficantes, e ataques sérios parecem estar aumentando. Outro jornalista, Carlos Ortega, foi morto neste mês em Durango enquanto investigava a corrupção policial. Desde 2006, pelo menos 17 jornalistas foram assassinados no México, o que faz desse um dos países mais perigosos do mundo para o trabalho da imprensa, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, dos EUA. (Reportagem de Alonso Hernandez em Morelia, Pedro Galindo em Durango e Miguel Angel Gutierrrez na Cidade do México)

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