O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, iniciou nesta sexta-feira, 20, uma série de consultas com diferentes setores da sociedade hondurenha para decidir se irá renunciar ao cargo durante a semana das eleições presidenciais no país.
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Na quinta-feira à noite, Micheletti afirmou que pode se afastar temporariamente para permitir que os eleitores se concentrem nas próximas eleições presidenciais. Micheletti disse que consultará seus assessores e aqueles que apoiaram seu governo sobre se ele deveria se afastar antes das eleições de 29 de novembro e até pelo menos 2 de dezembro, quando o Congresso decidirá sobre a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya.
Enquanto isso, Melvin Santos, o candidato presidencial pelo Partido Liberal, o mesmo de Zelaya e de Micheletti, disse que estaria de acordo com a renúncia temporária de Micheletti, desde que ela esteja "de acordo com as leis hondurenhas".
Zelaya disse nesta sexta-feira que o anúncio de Micheletti é "uma manobra fácil, para enganar bobos". Zelaya disse, a partir da Embaixada do Brasil, onde está refugiado desde 21 de setembro, que "se continuar a fraude eleitoral, será necessário repetir ou reprogramar as eleições porque elas são ilegais".
O presidente deposto voltou a advertir que não voltará à presidência se o Congresso votar por sua restituição após a eleição. Para Zelaya, isso legitimaria o golpe. "É ilegal e viola os direitos dos eleitores porque tenta esconder um golpe de Estado", afirmou.
Micheletti não disse quem ficaria no comando do governo durante a semana em que ele estaria ausente. "Meu propósito com esta medida é que a atenção de todos os hondurenhos se concentre no processo eleitoral e não na crise política", declarou Micheletti, numa mensagem transmitida em rede nacional de TV.
Ele afirmou que voltaria imediatamente à presidência para evitar que surgissem ameaças à "ordem e à segurança". Micheletti foi nomeado presidente pelo Congresso depois que Zelaya foi tirado da cama por soldados e levado para a Costa Rica em 28 de junho.