Micheletti inicia 'renúncia temporária' de oito dias nesta 4ª

Zelaya diz que EUA cometem "crime contra a democracia" ao mudar de postura sobre eleição de domingo

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Por Efe e Reuters
Atualização:

 O presidente do governo de facto de Honduras, Roberto Micheletti, deixará temporariamente o cargo por oito dias a partir desta quarta-feira, 25, para permitir que as atenções estejam concentradas nas eleições e não na crise política nesse período. Enquanto isso, o presidente deposto Manuel Zelaya voltou a criticar os Estados Unidos, afirmando que a Casa Branca cometeu um "crime contra a democracia" ao mudar sua posição em relação ao golpe de Estado que o tirou do poder.

 

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O ministro da Presidência, Rafael Pineda, afirmou que Micheletti só voltará ao cargo no dia 2 de dezembro, dia em que o Congresso hondurenho se reunirá para debater a restituição de Zelaya. Enquanto isso, o Conselho de Ministros ficará "em alerta permanente para atuar imediatamente caso necessário", acrescentou, e indicou que Micheletti voltará ao posto se julgar que é preciso por conta situação do país.

 

Pineda

reafirmou que Micheletti "realiza um afastamento temporário de sua função pública. Não se trata de uma permissão, nem de férias, nem de uma ausência por doença, nem de uma renúncia" do cargo, no qual por designação do Parlamento substituiu a Manuel Zelaya depois de um golpe de estado dia 28 de junho passado. Micheletti, que anunciou sua decisão na semana passada, "simplesmente deixará suas aparições públicas, estará em algum lugar fora da Presidência da República", insistiu o ministro.

 

Zelaya, que está abrigado desde 21 de setembro na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, assinalou que a retirada temporária de Micheletti é uma manobra para "enganar bobos" e que "ele confessa claramente com sua posição que ele é uma mancha para a democracia".

 

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O líder deposto disse que os Estados Unidos estão criando um "grave precedente" para a democracia na América ao apoiarem as eleições de domingo em Honduras e não sua luta para ser restituído ao poder. "Quando o Departamento de Estado (dos EUA) disse que a prioridade já não era minha restituição, mas as eleições, cometeu um crime contra a democracia", disse Zelaya por telefone da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde 21 de setembro.

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Depois do golpe de Estado de 28 de junho na nação da América Central, os EUA apoiaram energicamente Zelaya e exigiram sua restituição. Mas nos últimos meses, o país suavizou sua posição e disse que apoiará as eleições, mesmo se o mandatário não voltar ao poder antes. "A posição dos Estados Unidos (...) dividiu a América e está criando um grave precedente para o sistema democrático interamericano". "Essa é a mensagem que estou recebendo. Estão mudando o sistema, já não querem democracias como resposta aos problemas políticos das nações, é a volta do militarismo", acrescentou o presidente deposto.

 

Zelaya, que foi expulso do país por militares sob acusação de tentar violar a Constituição para se reeleger, disse que as eleições gerais de 29 de novembro são ilegais. Outros países da região, como Panamá e Colômbia, enviaram de volta a Honduras seus embaixadores, levantando parcialmente o isolamento internacional ao governo de facto liderado por Roberto Micheletti. O governo de facto convocou 5.000 reservistas das Forças Armadas para garantir a realização das eleições e proibiu o porte de armas, argumentando a existência de grupos que tentariam desestabilizar o pleito.

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