Milhares de simpatizantes do presidente boliviano, Evo Morales, fizeram na quarta-feira uma passeata nas ruas de La Paz, dois dias depois de a oposição declarar "desobediência civil" nas regiões que governa. Os manifestantes, na maioria indígenas aimarás da cidade de El Alto, exigiram o fechamento do Senado, controlado pela oposição direitista, que ampliou sua pressão contra as reformas promovidas por Morales nos setores agrícola e mineral. A oposição governa cinco dos nove Departamentos do país, para os quais exige mais autonomia e mais participação na arrecadação pública. "Estamos incomodados porque os senadores da oposição não trabalham e só se dedicam a prejudicar as pessoas que mais precisam", disse o dirigente cívico Jorge Choque à agência estatal de notícias ABI. Os governadores da oposição convocaram na segunda-feira a uma "resistência democrática que inclui a persuasão e o protesto, a desobediência civil e a intervenção não violenta [em órgãos públicos]." Morales reagiu na terça-feira qualificando a oposição de "sediciosa". Lançou também críticas ao Senado por não ratificar cerca de cem leis aprovadas na Câmara, onde o governo tem ampla maioria. Os manifestantes de La Paz também se opõem à proposta da oposição de transferir a capital para Sucre, onde funciona atualmente a Assembléia Constituinte -- parada justamente por causa da disputa sobre qual será a capital boliviana. "A partir de hoje vamos estar em constante mobilização até que se conclua a Assembléia Constituinte. Amanhã a esta hora estaremos em Sucre defendendo a Assembléia Constituinte", disse o dirigente comunitário Nazario Ramírez, de El Alto, à rádio Erbol. Centenas de camponeses que bloqueiam os acessos a Sucre nos últimos dias devem aderir à manifestação. A Constituinte foi um das principais promessas de campanha de Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, que em janeiro completa dois anos no cargo.