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Militares hondurenhos cercam a embaixada brasileira

Polícia e Exército desalojam milhares de manifestantes da frente do prédio em que Zelaya está desde segunda

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Por Redação
Atualização:

  Militares hondurenhos cercaram na manhã desta terça-feira, 22, a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde o presidente deposto Manuel Zelaya buscou abrigo ao voltar ao país. A polícia e o Exército desalojaram milhares de manifestantes que permaneciam na frente do prédio. Houve confronto entre os manifestantes e as forças oficiais, que utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar os partidários de Zelaya.  Segundo informações da imprensa local, várias pessoas ficaram feridas. Existe também a informação não confirmada de que duas pessoas teriam morrido durante a operação da polícia na madrugada.

 

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Zelaya afirmou em entrevista à CNN em espanhol que a Embaixada do Brasil tem sido alvo de ataques das autoridades do regime de facto. "Estão atacando a embaixada brasileira, com sons estridentes para enlouquecer quem está aqui, a embaixada está sendo atacada com bombas", afirmou Zelaya em declarações a rede de tevê venezuelana Telesur. "Dispersaram a balas uma manifestação pacífica", acrescentou. "Estamos rodeados de francoatiradores". 

 

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O governo de facto de Honduras suspendeu o fornecimento de água, luz e telefone da sede da diplomacia brasileira. De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, além de Zelaya mais 70 simpatizantes o acompanham na embaixada. Os funcionários brasileiros foram orientados a permanecer em suas casas, segundo o Itamaraty. O encarregado de Negócios da embaixada brasileira, diplomata Francisco Catunda Rezende, que está respondendo pela representação brasileira até a chegada do novo embaixador, pediu apoio à Embaixada dos Estados Unidos para garantir a segurança e o abastecimento de óleo diesel, para manter os geradores de energia ligados.

 

De acordo com informações que chegaram ao Itamaraty, tropas do Exército hondurenho conseguiram desmobilizar cerca de 5 mil manifestantes favoráveis a Zelaya, que estavam concentrados em frente a embaixada brasileira. Foram jogadas bombas de gás lacrimogêneo, mas nenhuma chegou a atingir o prédio da representação brasileira, segundo o Itamaraty. Testemunhas, porém,  confirmaram que ao menos duas bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas dentro da sede do prédio.  

 

"A zona está sob o controle das autoridades", afirmou um porta-voz da Secretaria de Segurança. Nas proximidades havia dezenas de motocicletas e vários ônibus e carros danificados, muitos com vidros quebrados, durante os protestos.

 

Segundo o assessor da chancelaria do governo de facto, Mario Fortin, a embaixada pode ser invadida por proteger Zelaya. "A inviolabilidade de uma sede diplomática não implica na proteção de delinquentes ou fugitivos da Justiça", assinalou. "A ação judicial pode ser realizada, já que Zelaya não foi convidado nem pediu asilo político ao Brasil". O assessor ressaltou que as relações entre os dois países foram rompidas quando Brasília suspendeu o embaixador de Micheletti, Víctor Lozano, a pedido de Zelaya.

 

Micheletti pediu que o Brasil entregue Zelaya e afirmou que o País será responsável por qualquer ato de violência que possa ocorrer perto da representação diplomática. O presidente hondurenho foi deposto em um golpe militar quando tentava aprovar alterações na Constituição. O Judiciário, o Parlamento e parte da população eram contrários à medida, por considerá-la inconstitucional.

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Questionado sobre a presença de seus seguidores nos arredores da sede diplomática brasileira, que podem ser reprimidos pelas autoridades locais, Zelaya pediu a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Eles [as autoridades do governo de facto] têm as armas, as bombas, os canhões, os tanques, o povo está indefeso, pedimos que apliquem a Carta Democrática da OEA".

 

Neste sentido, como determina a Carta Democrática, Zelaya pediu que "se busquem ações imediatas por uma saída [desta crise] no menor tempo possível. Estamos em estado de sítio. Fecharam os aeroportos, foi imposto o toque de recolher".

 

 

(Com Rosana de Cassia, de O Estado de S. Paulo)

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