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Mineiros chilenos e suas famílias vivem a expectativa do resgate

Por CÉSAR ILLIANO
Atualização:

O nervosismo e os planos de celebração marcaram a última comunicação mantida pelos funcionários da mina San José com suas famílias antes do resgate, previsto para começar na madrugada de quarta-feira. Depois de passarem mais de dois meses preso embaixo da terra, os mineiros -- 32 chilenos e um boliviano -- começarão a ser resgatados um a um a partir da meia-noite de terça-feira (1h00 de quarta-feira em Brasília) por uma cápsula que descerá por um duto de 622 metros, escavado para esse fim. A equipe de resgate já fez testes com a cápsula, e tudo parece estar indo bem, mas os trabalhadores e seus parentes se mostram cada vez mais ansiosos. "Estou contente, mas muito nervosa, porque vem por aí um resgate longo, e é preciso ter muito cuidado. Ele não tem medo, mas está nervoso sim. Quero poder abraçar meu pai", disse Roxana, filha de Mario Gómez, o mineiro mais velho do grupo e tido como "líder espiritual" do grupo. Roxana fez na segunda-feira o último contato com Gómez. Depois de mostrar aos jornalistas coisas que ele enviou -- como cartas e roupa que foi recebendo nas últimas semanas --, a jovem fez uma pausa e comentou: "Acho que nós (na superfície) estamos mais nervosos (que os mineiros)." O governo definirá na segunda-feira a ordem de saída dos mineiros. Primeiro serão içados os mais hábeis, que possam ajudar a corrigir eventuais problemas no mecanismo. Depois virão os que estão fisicamente mais fracos, e, finalmente, os mais fortes. Alberto Segovia disse que seu irmão, Darío, está "muito contente, mas muito, muito nervoso". "Ele não quer ser o primeiro, porque tem medo. Ninguém quer ser o primeiro." Jimmy Sánchez, que aos 19 anos é o mais jovem do grupo, já pensa numa festa. "Há mais ou menos 500 convidados", disse, rindo, sua cunhada Roxana Avalos, mostrando uma carta enviada pelo rapaz, em que ele diz: "Estou muito bem, ainda com alguns ruídos, quando sair quero ver minha filha e gritar aos quatro ventos." José Ojeda, autor do bilhete que em 22 de agosto comoveu o mundo ao revelar a sobrevivência dos 33 mineiros, fez aniversário na segunda-feira. Amigos e familiares prepararam um cartão de felicitações com dezenas de assinaturas. Na segunda-feira, Ojeda mandou à superfície, pelo tubo de comunicações, as cartas que recebeu nas últimas semanas, e também algumas roupas especiais enviadas pelo governo para suportar a densa umidade nas profundezas da mina chilena.

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