O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta quarta-feira, 3, que se o presidente espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, quer explicações sobre a suposta relação ETA-FARC denunciada pela Justiça espanhola, "que as peça a seu chanceler", Miguel Angel Moratinos.
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"Estimado amigo José Luis Rodríguez Zapatero, não tenho nada que explicar a você e o exijo que respeite a soberania do povo e do governo venezuelano", declarou o líder venezuelano, em um ato oficial transmitido em cadeia nacional obrigatória de rádio e televisão.
Chávez afirmo que antes mesmo de Zapatero pedir explicações ao governo da Venezuela sobre o assunto, ele já havia falado com Moratinos, que o disse que a acusação do juiz Eloy Velasco era um procedimento judicial e, como tal, independente do governo.
"Chame Moratino para que te explique o que falamos", disse Chávez em referência a uma conversa que manteve com o ministro espanhol em Montevidéu, onde os dois estavam na segunda para assistir a posse do novo presidente uruguaio, José Mujica.
Chávez relatou que, na capital uruguaia, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, recebeu uma ligação de Moratinos para falar sobre o procedimento aberto pelo juiz Velasco, e como estava perto no momento, Maduro o passou o telefone para que falasse diretamente com o chanceler espanhol.
O presidente venezuelano assegurou que Moratinos em nenhum momento o pediu explicações e na verdade o disse que tudo se devia a uma atuação autônoma de um juiz, da qual nem o governo nem o rei da Espanha estavam cientes. Por isso, se disse surpreso ao inteirar-se, depois da conversa, de que Zapatero, "em uma atitude muito rápida, pediu explicações à Venezuela sobre a acusação de Velasco.
Segundo Chávez, a atitude do juiz espanhol é "parte do jogo da extrema direita europeia e do mundo para atacar a Venezuela, a revolução e a mim".
O auto do juiz Eloy Velasco assinala que há indícios de cooperação da Venezuela com uma suposta aliança estabelecida entre a ETA e as Farc, que tinham intenção de atentar, na Espanha, contra altos cargos da Colômbia, incluindo o presidente Álvaro Uribe. Velasco enviou a Moratinos um documento que foi repassado à Venezuela, requisitando formalmente as explicações das autoridades do país sobre a suposta colaboração.