Negociação entre Colômbia e Farc tem polêmica sobre sequestros

Conversas foram retomadas após negociador da guerrilha dizer que grupo ainda mantinha reféns

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HAVANA - As negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha Farc foram retomadas nesta quarta-feira, 5, em Havana, em meio a uma polêmica envolvendo supostos prisioneiros de guerra. Após uma pausa na semana passada, os negociadores voltaram ao centro de convenções dos arredores da capital cubana. Pela primeira vez, entraram pelos fundos, evitando a imprensa, mas as Farc leram uma declaração falando da guerra e dos danos econômicos e humanos que ela acarreta. O ambiente entre os dois lados ficou tenso depois de um negociador das Farc dizer, na semana passada, que o grupo ainda retém "prisioneiros de guerra", o que motivou uma resposta ríspida do principal negociador do governo, Humberto de la Calle, apesar das negativas de outros dois negociadores rebeldes. "As Farc precisam responder às vítimas, precisam esclarecer a questão dos sequestros, a forma de lidar com a questão dos sequestros não é sem ambiguidades", disse De la Calle antes de embarcar da Colômbia para Cuba. Ao longo dos anos, as Farc sequestraram dezenas de políticos e militares, para barganhá-los com o governo. Todos eles já foram libertados. Mas muitos civis também foram sequestrados para pedidos de resgate que financiassem as atividades da guerrilha marxista. Famílias dizem que vários desses reféns continuam em cativeiros na selva, apesar de o grupo ter prometido neste ano interromper os sequestros para fins econômicos. O processo de paz, uma tentativa de encerrar quase meio século de conflito, transcorre sem um cessar-fogo. O Exército disse na segunda-feira que matou pelo menos 20 guerrilheiros em um bombardeio aéreo e terrestre perto da fronteira com o Equador. Foi o incidente mais violento desde o início da negociação, em novembro. O governo colombiano promete manter as operações militares e não permitir que os rebeldes descansem ou se reagrupem, como ocorreu durante o frustrado processo de paz anterior, há mais de uma década. As Farc solicitaram um cessar-fogo de dois meses. Jesús Carvajalino, negociador das Farc conhecido como Andrés París, disse à Reuters que o ataque do fim de semana "foi o presente de Natal do governo, enquanto nós continuamos com o cessar-fogo". O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse no fim de semana que as discussões não devem se estender por muito tempo, devendo ser concluídas no máximo até novembro de 2013. Os rebeldes dizem que manterão as negociações enquanto for necessário.

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