
10 de julho de 2009 | 10h08
As delegações do presidente autoproclamado de Honduras, Roberto Micheletti, e do líder destituído do posto Manuel Zelaya, se reunirão nesta sexta-feira, 10, em San José, na Costa Rica, depois que os dois representantes passaram pelo paz sem obter avanços no diálogo para solucionar a crise política. Micheletti deixou a Costa Rica sem se reunir com Zelaya nas negociações, num sindal de que as "negociações não foram bem", afirmou o analista Kevin Casas, da Brookings Institution, em entrevista à CNN em espanhol. "Sem encontro cara a cara, nenhuma negociação avança", acrescentou.
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Depois de horas de reuniões, as comissões de Zelaya e Michelleti concordaram que a situação em Honduras, que está sob forte pressão internacional desde o golpe de Estado, é "insustentável", segundo afirmou o chanceler costa-riquenho Bruno Stagno. Observadores destacaram que as duas partes suavizaram suas posições, mas ainda mantêm o impasse no ponto central das negociações: o retorno de Zelaya ao cargo de presidente. Arias reconheceu que o "processo de negociação deverá tomar mais tempo do que havia sido planejado". O costa-riquenho disse que a restituição de Zelaya "é inevitável", mas adiantou que "os pontos mais difíceis devem ser deixados para o final".
Ao retornar da Costa Rica, Micheletti reiterou que se o líder deposto Manuel Zelaya voltar ao país, será levado à Justiça. "Estamos de acordo com o retorno dele, mas diretamente para os tribunais", declarou Micheletti a jornalistas, após voltar de San José. "Estamos bem, sem novidades e contentes. Sabemos que a situação com os demais países da América e o mundo é um pouco difícil, mas tenho muita fé em Deus de que pouco a pouco vamos recuperando essa credibilidade", assinalou.
As delegações devem voltar a se reunir nesta sexta-feira a partir das 13h de Brasília. Segundo a agência AFP, o chanceler costa-riquenho afirmou que espera que as conversas estabeleçam pautas para o que vem pela frente e para fixar metar para uma eventual reunião entre Zelaya e Micheletti.
Zelaya foi deposto e expulso de Honduras sob a mira de uma arma no último dia 28 de junho. Uma tentativa de retornar ao país no fim de semana passado fracassou depois que as autoridades bloquearam a pista de pouso do aeroporto de Tegucigalpa. A crise política eclodiu depois que Zelaya tentou fazer uma consulta pública para perguntar se os hondurenhos apoiavam suas medidas para mudar a Constituição. A oposição afirma que isso poderia ter posto fim ao atual limite de apenas um mandato por presidente e abrir caminho para uma possível reeleição de Zelaya.
A comunidade internacional pressiona Micheletti a devolver o poder a Zelaya, deposto no dia 28. Militares, o Judiciário e o Legislativo de Honduras consideram que o presidente foi destituído legalmente - e não por um golpe -, uma vez que violou a Constituição ao tentar modificá-la para que pudesse ser eleito novamente. Várias alternativas vêm sendo discutidas por analistas. Em uma delas, Zelaya retornaria, mas teria de renunciar a seus planos de alterar a Constituição. Em outra, Micheletti permaneceria no poder, mas o presidente deposto poderia retornar a Honduras anistiado.
(Com Gustavo Chacra, de O Estado de S. Paulo)
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