
08 de agosto de 2014 | 20h13
Ignacio Hurban, que até terça-feira não sabia que era Guido Montoya Carlotto, o neto da mulher que há décadas lidera a busca de crianças sequestradas na última ditadura, está emocionado, mas ainda confuso após a notícia.
Em uma entrevista coletiva concedida em Buenos Aires junto à sua avó, Hurban disse que a sua vida está "bastante convulsionada".
"Estou um pouco emocionado... parece maravilhoso e mágico tudo isso que está acontecendo. Estou aproveitando, mas o que eu mais gosto é a felicidade dos demais", disse o 114º neto recuperado pelo grupo social Avós da Praça de Maio.
O neto de Carlotto nasceu durante o cativeiro de sua mãe em um centro prisional clandestino em junho de 1978, foi recolhido poucas horas depois de nascer e recebeu outra identidade. Sua mãe foi assassinada pelos repressores.
Apesar de dizer que prefere a verdade acima de tudo, Hurban (ou Montoya Carlotto) destacou que gostaria de manter o único nome que tinha até esta semana.
"Estou acostumado com meu nome Ignacio e vou continuar conservando ele", afirmou.
A ditadura militar que governou o país entre 1976 e 1983 sequestrou, torturou e assassinou cerca de 30 mil pessoas, segundo organizações de direitos humanos.
Segundo o movimento Avós da Praça de Maio, ainda há quase 400 filhos de desaparecidos sem saber a sua verdadeira identidade.
(Reportagem de Nicolás Misculin)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.