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ONU lança plano para reerguer economia do Haiti após tremor

Entidade pagará US$ 5 por dia para haitianos que trabalharem na construção de casas e remoção de escombros

Por Jamil Chade e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Dez dias depois do terremoto que arrasou o Haiti, a ONU anuncia um plano de reconstrução do país e com o objetivo de relançar a economia nacional, arruinada. A entidade vai começar a pagar um salário de US$ 5 (cerca de quase R$ 10) por dia para os haitianos que queriam trabalhar na remoção dos escombros e na reconstrução de casas e edifícios no país. O objetivo é o de atingir até 1 milhão de pessoas no médio prazo. Nas próximas duas semanas, a entidade espera ter a participação de 200 mil haitianos.

 

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A medida teria pelo menos quatro efeitos: injetar dinheiro na economia em colapso, acelerar a limpeza pelo menos de Porto Príncipe, reconstruir o que for possível e dar a sensação aos haitianos de que não estão sendo invadidos por militares estrangeiros.

 

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"Queremos começar essa distribuição de recursos já nos próximos dias. Será um ponto importante da operação", afirmou ao Estado o porta-voz da Organização Internacional de Migrações (OIM), Jean Philippe Chauzy. "Já adotamos essa estratégia depois dos furacões que atingiram a ilha nos anos anteriores e mais de 70 mil pessoas aderiram ao programa. Desta vez, esperamos um número bem maior de pessoas", disse.

 

Em um encontro na noite de quinta-feira, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, e o enviado especial da entidade para o Haiti, Bill Clinton, estabeleceram as três prioridades da ONU no Haiti: dar assistência humanitária por algum tempo ainda, garantir a estabilidade do país e iniciar projetos de reconstrução, inclusive da economia local.

 

Ban, por meio de uma nota de imprensa, também confirmou que Porto Príncipe será a primeira cidade atendida pelo programa, chamado de "Jornada por Dinheiro". Numa primeira fase, a medida será válida por duas semanas e a ONU espera já iniciar o projeto nos próximos dias. A prática também existe em outros países atingidos por catástrofes. Mas, no caso do Haiti, os recursos podem fazer a diferença. 70% da população vive com menos de US$ 2 ao dia e o país é o mais pobre do Hemisfério Ocidental.

 

Chauzy confirmou ao Estado que a meta das agências será ainda de levar o programa a outras cidades do país como Léogâne (ao sul de Porto Príncipe) e Jacmel (sudoeste). Com o caos e falta de alimentos, o preço de itens básicos explodiu. O governo pediu que a ONU não alimentasse apenas os feridos pelo terremoto, mas todos aqueles que não conseguiram recursos suficientes para continuar a se alimentar.

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A ONU insistiu que esse projeto de reconstrução é apenas parte da estratégia. A entidade confirmou que está identificando, com a ajuda do Brasil, seis terrenos fora da capital para levar milhares de pessoas desabrigadas. O governo ainda anunciou em meados da semana que pretende transportar 400 mil pessoas para fora de Porto Príncipe.

 

Chauzy confirmou que a prioridade é a de ajudar a população a sair das ruas e criar campos temporários. O problema, segundo ele, é que esses locais não podem ser tao temporários assim. Primeiro porque não há previsão de quanto tempo levará para as pessoas retornarem a suas casas. Além disso, o Haiti é passagem de ciclones tropicais e acampamentos mal construídos poderiam agravar a situação.

 

Um esforço ainda está sendo feito para enviar engenheiros para tentar ajudar na construção de casas para os desabrigados. "A estratégia não pode acabar com a criação de um acampamento. Tendas são soluções de curto prazo. As pessoas não ficarão ali para sempre. Casas precisarão ser construídas", afirmou Vincent Houver, chefe da missão da IOM no Haiti.

 

Além da capital, as organizações humanitárias começaram a levar assistência para outras cidades haitianas. Segundo a ONU, em Leogane, até 90% dos edifícios foram destruídos, e morreram entre cinco mil e dez mil pessoas. Em Petit Goave, 15% foi destruída e mil pessoas morreram. Gressier, Carrefour e Jacmel estariam destruídas entre 40% e 60%.

 

Conferências

 

Um ciclo de conferências internacionais também começará a ocorrer para levantar fundos para o Haiti e estabelecer uma estratégia global para a reconstrução. A primeira está marcada para ocorrer na segunda-feira em Montreal, com chanceler de mais de 20 países. Na quinta-feira, o Fórum Econômico de Davos reúne multinacionais e Bill Clinton para pedir investimentos.

 

O apelo de emergência da ONU por US$ 575 milhões se tornará ainda um apelo permanente de ajuda ao Haiti e um novo valor será estabelecido em um mes. Por enquanto, um terço do dinheiro pedido está em caixa.

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