29 de janeiro de 2010 | 19h07
Os máximos representantes da diplomacia francesa e americana admitiram nesta sexta-feira, 29, erros de coordenação na assistência ao Haiti, diante da tarefa de ajuda de emergência devido ao devastador terremoto que atingiu a nação caribenha.
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"Essa foi a maior tragédia natural da história", disse Kouchner em entrevista junto a sua colega americana no final de uma visita de Hillary à capital francesa.
Hillary admitiu que "aprenderam como enfrentar estas situações" e reconheceu que há lições a serem tiradas com relação à ajuda enviada ao Haiti.
Os dois colegas trocaram elogios sobre os trabalhos de resgate desempenhados pelas equipes enviadas pelos dois países, e Kouchner alertou que "ainda estamos na fase de emergência".
"Não podemos continuar fazendo caridade permanente", disse o ministro francês ao referir-se ao trabalho de reconstrução no país arrasado pela catástrofe que precisa de ajuda de emergência para reparar a tragédia humana.
Hillary afirmou que, em consequência do terremoto do dia 12, seu país tomou medidas para a adoção de menores haitianos sem documentos e para ajudar os cidadãos pobres do país caribenho que se encontram nos Estados Unidos.
Mas a sensação que Kouchner e Hillary transmitiram em Paris foi a de representar as duas potências mundiais que se viram absolutamente exaustas pelo esforço para enfrentar a reparação da catástrofe. "Sinto muito, mas fizemos o melhor possível", afirmou o ministro francês, fundador da ONG Médicos sem Fronteiras.
O Haiti foi um dos assuntos abordados durante as horas nas quais Hillary esteve em Paris, onde a secretária de Estado se reuniu com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e fez um discurso sobre a segurança e defesa na Europa.
Irã
Kouchner e Hillary repassaram os temas analisados, entre os quais o Irã e a disputa nuclear entre esse país e a comunidade internacional. Ambos manifestaram que, apesar de manter a opção de diálogo permanente, o trabalho para a adoção de sanções contra Teerã continua.
"Fizemos tudo o possível", manifestou Kouchner, que advertiu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou três resoluções contra a política nuclear iraniana e espera uma quarta.
"A comunidade internacional está unida" afirmou Hillary, que rejeitou a atuação dos dirigentes iranianos na repressão das manifestações dos opositores ao regime. É "deplorável", disse Hillary em relação ao tratamento que o Governo iraniano dispensou aos que demonstram oposição as suas teses nos últimos meses.
Afeganistão
Quanto à cooperação dos países no Afeganistão, a França insistiu em que o único aumento que poderia aceitar nos efetivos naquele país está relacionado com trabalhos de formação, e Kouchner reiterou a posição conhecida de Paris: "não haverá mais soldados combatentes".
A "França fez um esforço muito especial", resumiu o titular francês de Exteriores, que afirmou que seu país tem no Afeganistão os efetivos necessários para sua missão e ressaltou que nas eleições realizadas no ano passado as regiões sob controle francês tiveram uma participação dez vezes superior a do resto do território.
Os dois colegas também aludiram à situação no Oriente Médio, embora somente para reiterar seu apoio à criação de um Estado palestino - junto a um Estado de Israel cuja segurança esteja garantida - e Hillary se dirigiu aos que mencionam a necessidade de aplicar sanções. "Necessitamos de uma diplomacia paciente", comentou.
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