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'Pedimos um pouco de paciência', diz embaixadora do Brasil

Graça Carrion afirma que turistas foram à praças e estão 'desconfortáveis' e que as emergências são prioridade

Por Vannildo Mendes
Atualização:

A Embaixada e o Consulado-Geral do Brasil em Santiago entraram de prontidão desde as primeiras horas da manhã de ontem para atender brasileiros em dificuldades por causa do terremoto que atingiu a região central e a capital do Chile. A embaixadora Graça Carrion informou que os dois escritórios estão em contato permanente com as autoridades chilenas para avaliar a extensão dos estragos e definir a ajuda brasileira aos esforços de socorro às vítimas.

 

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Cerca de oito mil brasileiros moram atualmente no Chile, a maioria em Santiago, Valparaíso e Viña Del Mar. As três regiões foram atingidas pelo terremoto, mas, segundo a embaixadora, até agora não há registro de brasileiros mortos ou com ferimento grave. Alguns pediram apoio para retornar ao Brasil, mas não há previsão de embarque porque o aeroporto de Santiago está interditado e só deve retomar a normalidade em três dias.

 

Trata-se principalmente de turistas ou visitantes casuais que tiveram seus hotéis ou habitações interditados por causa do risco de desabamento. "Após o terremoto, eles foram para o meio das praças e se encontram muito desconfortáveis", explicou Graça. "Estamos atendendo os casos de emergência e pedindo um pouco de paciência aos demais", observou a embaixadora.

 

Ela estava dormindo na hora que começou o terremoto e acordou com o barulho dos objetos caindo pela casa e vidros estilhaçando. "Foi horrível, tudo tremia", disse ela. Como o Chile está habituado a terremotos, ela se lembrou da recomendação básica de procurar um local seguro nessas situações. "Quando vi do que se tratava corri para debaixo da porta e lá fiquei até o tremor passar".

 

Outros brasileiros, conforme ela informou, pediram para retornar apenas por medo dos novos tremores, que continuam ocorrendo, embora em menor escala. Após o terremoto principal, às 3h45 do sábado, outros 18 abalos menores se sucederam ao longo do dia e as autoridades alertaram para o risco de um novo grande abalo, acima dos 8 graus de magnitude.

 

O caso mais dramático, segundo o relato da embaixadora, é o de uma carioca que perdeu a mãe e não pôde viajar hoje para o enterro no Brasil, por causa da interdição do aeroporto e do transporte rodoviário. Diversas rodovias de acesso a Santiago sofreram rachaduras e se formaram crateras. Veículos têm caído nelas, fazendo aumentar a cada instante o número de vítimas. Eles estão sendo cadastrados e orientados a aguardar instruções em casa de amigos, hotéis ou abrigos.

 

Graça informou que o consulado vem encaminhando enfermos a hospitais, indicando alojamento para desabrigados e dando o apoio material possível. Está apenas recomendando que se mantenham em casa, ou nas proximidades, evitando circular nas ruas ou estradas e que adotem as precauções determinadas pelo governo chileno. Uma delas é não subir escadas e racionar uso de energia e água.

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Há, entre os brasileiros que viveram a experiência, relatos de perdas materiais e sobretudo de muito susto. É o caso do brasiliense Célio Maurício, que mora em Santiago há cinco anos. "Parecia que eu estava em cima de um caminhão ou no vagão de um trem", descreveu. Ele tinha acabado de voltar de uma festa e fazia um lanche na cozinha quando o terremoto começou, pouco antes das 4h. Célio disse que primeiro faltou luz e a seguir repentinamente e tudo começou a sacudir. "As coisas começaram a despencar em minha volta", relatou.

 

Outro caso dramático foi o da carioca Patrícia Santos, funcionária da embaixada brasileira em Santiago. "Foi uma sensação horrível, pensei que fosse morrer quanto tudo começou a desabar", contou. Ela mora no 18º andar de um edifício no bairro Las Condes. Ela relatou que tudo parecia estar sendo revirado, lustres se estilhaçaram, quadros despencaram da parede e os móveis ficaram revirados. "Perdi até minha TV LCD de 42 polegadas que acabara de comprar", lamentou.

 

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