PUBLICIDADE

Pisco está praticamente inábitável, diz governo peruano

Mais de 96% das casas serão demolidas; ajuda humanitária tem dificuldades para distribuir alimentos na região

Por Agências internacionais
Atualização:

Pelo menos 96% das casas do centro histórico de Pisco se encontram em condições inabitáveis, segundo declarou a ministra do Trabalho do Peru, Susana Pinilla Cisneros, ao jornal El Comercio. A cidade foi a mais atingida pelo terremoto de 8 graus na escala Richter.   Veja também:  Resgate de corpos em ruínas de hotel peruano preocupa equipe Susana disse ainda que o governo peruano prevê a demolição total das residências ainda nesta semana. O estado das infra-estruturas peruanas após o tremor dificulta as tarefas de distribuição de ajuda, segundo as agências da ONU que colaboram com o governo local para atenuar os danos causados pelo tremor. "A logística é um problema agora, e será até maior no futuro por causa do estado no qual ficaram as infra-estruturas", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (Ocha), Elisabeth Byrs. O exemplo mais notório é o rodovia Pan-Americana, estrada que une a capital do país, Lima, com Pisco, uma das cidades que ficaram mais devastadas. Normalmente o trajeto era feito em pouco mais de duas horas e meia, mas após o terremoto o tempo médio ronda as dez horas. "Isso dificulta a distribuição da comida. Não é que não saibamos para onde ir e não estejamos indo; é o tempo que demoramos para chegar", explicou a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PAM), Christiane Berthiaume. O governo peruano estabeleceu uma ponte aérea entre Lima e Pisco e estuda o estabelecimento de uma linha marítima entre as duas cidades. O PAM já distribuiu 500 toneladas de alimentos graças ao empréstimo de um avião feito pelo Equador. Berthiaume afirmou que outra das dificuldades para distribuir os alimentos é a dispersão das famílias, que ficam perto das ruínas de suas casas para evitar o furto do pouco que restou. "Não há relatos de problemas de segurança, mas as pessoas preferem ficar ao lado das ruínas de suas casas, apesar das baixas temperaturas à noite", acrescentou Berthiaume. Crise humanitária Um dos maiores problemas médicos existentes são os problemas respiratórios, provocados pela inalação de pó, pois muitas das casas destruídas eram feitas de adobe. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está satisfeita com a resposta das autoridades peruanas, por isso, além da equipe enviada de Washington, por enquanto não fará envio de hospitais de campanha ou remédios. A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho aumentou para 3,4 milhões de euros o pedido de fundos para enviar ajuda a 37.500 desabrigados peruanos nos próximos nove meses.   Subiu na segunda-feira para 540 o número de mortos no terremoto de quarta-feira no Peru, informou a Defesa Civil, com base em uma estimativa parcial, acrescentando que 503 pessoas foram identificadas.   Ajuda internacional   O Ministério de Assuntos Exteriores francês anunciou também uma ajuda 300 mil euros para que o Peru supere as conseqüências do terremoto. A ajuda francesa será dividida entre o envio de material de emergência e o financiamento oficial de projetos de ONGs presentes no território peruano.   Diversos materiais chegarão nesta quarta ao Peru e consistem em estações de dessalinização de água e remédios, doados por diversas entidades e instituições francesas.   Junto com essa ajuda, a França transferiu pessoal médico e de enfermaria do Corpo de Bombeiros. Além disso, o Ministério de Exteriores financiará projetos de ONG locais para construir abrigos contra terremotos em zonas rurais atingidas pelo terremoto da semana passada, onde há um grande número de casas destruídas.   A Conferência Episcopal italiana destinou 1 milhão de euros para fazer frente à situação de emergência da população atingida pelo terremoto registrado na quarta-feira passada no Peru, segundo comunicado divulgado nesta terça. O dinheiro servirá, entre outros, para apoiar projetos de entidades eclesiais locais, como a Caritas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.