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Polícia boliviana reprime protesto contra obra da OAS

Atualização:

A polícia boliviana usou gás lacrimogêneo para reprimir um protesto promovido por povos indígenas, que já durava um mês, contra os planos do presidente Evo Morales para que a empresa brasileira OAS construa uma rodovia de 300 quilômetros no meio da Floresta Amazônica. As autoridades afirmaram que a polícia acabou com o protesto no domingo ao tomar um campo usado pelos manifestantes na região de Yucumo, cerca de 300 quilômetros ao norte de La Paz, enquanto marchavam rumo à capital do país andino. Não foi registrada nenhuma prisão nem caso de pessoas feridas. A mídia local relatou que o ministro das Relações Estrangeiras da Bolívia, David Choquehuanca, que estava em negociação com os manifestantes, foi feito refém por eles durante várias horas no sábado. Várias centenas de manifestantes participaram da marcha. A estrada deve ligar a província de Beni, no leste da Bolívia, à província de Cochabamba, no centro do país. Também no domingo Morales anunciou que haverá um referendo nessas províncias "para que o povo decida se o projeto deve ou não ser executado". Primeiro presidente do país de ascendência indígena, Morales afirmou que o projeto da rodovia é importante para aumentar os investimentos em infraestrutura na Bolívia. No entanto, Morales irritou os ativistas indígenas em junho, quando disse que a rodovia passaria pelo território indígena e parque nacional Isiboro Secure "gostem ou não". "A polícia agiu em resposta a uma nova agressão promovida por um grupo dos manifestantes usando gás lacrimogêneo para dispersá-los, mas tomou o acampamento sem uso de violência", disse à Reuters o ministro das Comunicações do país, Ivan Canelas. "A marcha foi dissolvida porque se tornou uma fonte de violência", afirmou Canelas. Morales tem enfrentado forte resistência dos povos indígenas ao projeto de 420 milhões de dólares. A marcha começou no dia 15 de agosto na cidade de Trinidad, na Amazônia, e colocou Morales na defensiva antes de uma eleição em outubro que integra uma reforma para dar aos povos indígenas um papel maior nos assuntos de Estado.

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