18 de agosto de 2010 | 23h20
CARACAS- Policiais venezuelanos entraram nesta quarta-feira, 18, na sede do jornal El Nacional para recolher dados sobre a foto de cadáveres do necrotério de Caracas publicada na capa da edição de 13 de agosto e objeto de uma investigação.
Veja também:
Chávez critica imprensa privada venezuelana por fotos de violência
Jornais alegam sofrer censura após proibição
Segundo o site do jornal, policiais judiciais acompanhados de representantes da Promotoria chegaram à sede do veículo para "cumprir a investigação da Promotoria contra o jornal após a publicação de uma foto de fatos".
Os policiais, diz o El Nacional, pediram o arquivo digital da foto, interrogaram o chefe do departamento de fotografia e levaram um exemplar da edição de 13 de agosto.
Um representante do diário relacionou a visita policial com a divergência existente sobre quando a foto foi tirada, já que o jornal sustenta que foi em 29 de dezembro de 2009 - a polícia crê que foi em 2006.
A publicação da foto, que mostra corpos nus e ensanguentados em macas e no chão do necrotério, fez com que a Sala 12 do Tribunal de Proteção de Crianças e Adolescentes de Caracas proibisse ontem a reprodução de imagens similares.
A decisão do tribunal foi amplamente criticada por associações jornalísticas e por representantes da oposição venezuelana, que a consideraram como um ataque à liberdade de expressão.
A edição de hoje do El Nacional apareceu com a palavra "censura" nos espaços onde habitualmente se publicam notícias sobre crimes.
A proibição, que foi classificada pelo tribunal como "medida preventiva" e será aplicada "até que se decida o fundo da presente "Ação de Proteção", não afeta só o El Nacional, mas também o jornal Tal Cual, que reproduziu a mesma foto um dia depois.
Os dois jornais são críticos ao governo, e usaram a imagem polêmica para ilustrar uma reportagem sobre o aumento da criminalidade na Venezuela.
O índice de criminalidade no país se torna cada vez mais alarmante. De acordo com cifras oficiais, ocorreram 12.257 homicídios nos primeiros onze meses de 2009, colocando a Venezuela entre os países mais violentos da América Latina.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.