Presidente do Equador ganha força no Congresso após protestos

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Por HUGH BRONSTEIN
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Um violento motim policial ocorrido na semana passada aumentou a popularidade do presidente do Equador, Rafael Correa, o bastante para romper um impasse no Congresso e iniciar sua agenda no Legislativo com um projeto destinado a limitar as reservas dos bancos. Correa tem tido dificuldades para obter financiamento desde que o seu governo não pagou obrigações internacionais dois anos atrás. Medidas de autoridade apresentaram um efeito indesejado na semana passada, quando a polícia se rebelou contra os cortes nos bônus e nos privilégios que tinham. Na primeira sessão após o levante, o Congresso deu sua aprovação inicial na noite de quinta-feira a uma medida que permitirá um aumento no endividamento do governo e que os bancos utilizem reservas para comprar títulos emitidos pelo governo. Wall Street não vê com bons olhos o projeto, pois acredita que ele pode desestabilizar o setor bancário e abrir caminho para mais gastos do governo, que permaneciam estáveis em cerca de 23 por cento do produto interno bruto antes de Correa assumir o poder em 2007. Naquele ano, os gastos começaram a subir, chegando a 40 por cento em 2008 e 2009. Os congressistas estavam em um impasse sobre essa e outras questões propostas pelo governo antes dos levantes policiais, gerando rumores de que Correa pudesse dissolver o Legislativo e governar por decreto até a convocação de novas eleições. O presidente, porém, considerado por muitos um herói por resistir aos policiais amotinados que lhe lançaram gás lacrimogêneo no levante da semana passada, reuniu apoio para o projeto das finanças públicas. Haverá um debate final na semana que vem. Ele aumentará a proporção da dívida permitida no Equador dos atuais 40 por cento para 50 por cento do PIB. A medida também permite, mas não exige, que os bancos coloquem até 75 por cento de suas reservas na dívida do governo, que é classificada como títulos podres. "A elevação do limite da dívida do Equador em relação ao PIB é um sinal de que o governo planeja continuar a aumentar os gastos e está disposto a se endividar para tal", afirmou o analista Jefferson Finch, do Eurasia Group. Atualmente, a proporção da dívida do país em relação ao PIB é de 23 por cento.

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