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Presidente do Paraguai desafia produtores a realizarem protesto

Atualização:

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira que seguirá adiante com as novas normas que regulamentam o uso de agroquímicos, apesar das críticas dos produtores de soja, que ameaçam com uma grande mobilização em protesto. A relação entre Lugo e o setor, que tem ganhado força nos últimos anos como consequência do auge do cultivo de soja, tem sido tensa desde o início de seu mandato pelo seu claro apoio às organizações agrícolas contrárias ao modelo agroexportador. Os produtores se manifestaram em dezembro do ano passado ocupando as estradas com seus tratores em protesto contra a insegurança, depois de sucessivas invasões de propriedades por agricultores que reclamavam terras para trabalhar em um dos países menos equilibrados na divisão de terras da América do Sul. Desta vez eles ameaçam com um segundo protesto contra o presidente socialista -- possivelmente no final de junho -- devido à assinatura de um decreto que regulamenta o uso de agroquímicos, que consideram excessivamente rigoroso e de impossível de ser cumprido. "Acreditamos que eles têm todo o direito de realizar esse 'tratoraço', assim como fizeram no mês de dezembro, e esperamos que tenham mais sucesso desta vez", disse Lugo em tom desafiador em uma coletiva de imprensa na sede do governo. "Mas acreditamos ao mesmo tempo que os motivos que argumentam não são significativamente preponderantes para toda a população paraguaia (...) acreditamos e estamos convencidos de que a defesa do meio ambiente, mais do que nunca hoje, pede a cooperação de todos", acrescentou. A Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas estimou que, aplicado o decreto, a área de cultivo da soja cairia 30 por cento, para 2 milhões de hectares, afetando a produção do principal produto do país, do qual o Paraguai é o quarto exportador mundial. Isto significaria outro golpe à produção, que terá uma queda de cerca de 40 por cento em relação à temporada anterior, para cerca de 4 milhões de toneladas, devido a uma prolongada seca que afetou toda a região. Organizações ambientais que apoiaram o decreto frequentemente denunciam o uso indiscriminado de agroquímicos proibidos para a fumigação dos campos, o que contamina a água e afeta a saúde dos residentes do campo. (Reportagem de Daniela Desantis)

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