Primeira-dama argentina amplia vantagem na disputa eleitoral

PUBLICIDADE

Por DAMIÁN WROCLAVSKY
Atualização:

A primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner está ampliando sua liderança na disputa presidencial argentina, numa campanha em que os eleitores estão mais preocupados com a prosperidade econômica do que com a onda de escândalos que vem golpeando o governo de seu marido, Néstor Kirchner. Fernández, 54 anos, senadora e conselheira do marido, aparece bem à frente dos adversários nas pesquisas para a eleição de 28 de outubro. Kirchner é visto como responsável por ter resgatado a Argentina da grave crise econômica de 2001-02 e levado o país a um crescimento superior a 8 por cento nos últimos quatro anos. Há um mês, Fernández tinha cerca de 45 por cento das intenções de voto, mas os novos levantamentos dos respeitados institutos Hugo Haime y Asociados e Centro de Estudos da Opinião Pública mostram que ela chegou a 49 por cento e tem tudo para ser eleita em primeiro turno. "A economia continua sendo a principal questão", disse Joaquín Morales Solá, colunista do jornal La Nación. O mensageiro Alberto Licitra, 39 anos, concorda. Muito prejudicado na recessão de seis anos atrás, ele viu as coisas melhorarem sob Kirchner. "Para mim, não há outro candidato [além de Fernández]", afirmou. Pela lei argentina, um candidato vence no primeiro turno se tiver mais de 45 por cento dos votos, ou mais de 40 com vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado. Os dois principais adversários da primeira-dama, o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna e a ex-deputada Elisa Carrió, aparecem bem atrás, com 9 a 12 por cento das intenções de voto. A candidatura de Fernández não dá sinais de ser abalada por uma série de escândalos que afetou o governo nos últimos meses, o último dos quais relativo a um empresário venezuelano flagrado na alfândega argentina com 800 mil dólares não declarados num jato fretado pela estatal argentina de energia. O caso levou à demissão de funcionários na Argentina e na Venezuela. No mês passado, Kirchner demitira sua ministra da Economia depois de a polícia achar uma mala com mais de 60 mil dólares no banheiro do gabinete dela. Santiago Lacase, diretor do instituto de pesquisas Ipsos Mora y Araújo, que mostra Fernández com 48 por cento, disse que os argentinos são mais tolerantes à corrupção nos tempos de vacas gordas. "As pessoas não vêem a corrupção no governo como algo novo. Há corrupção, mas a economia caminha e as pessoas sentem que se beneficiam, [os escândalos] têm pouco impacto em como elas votam." Desde o mês passado, quando oficializou a candidatura, Fernández percorre o país ao lado do marido. (Reportagem adicional de Cesar Illiano e Juan Bustamante)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.