10 de julho de 2009 | 19h20
A "primeira fase" do diálogo que tenta resolver a crise política em Honduras, com a mediação da Costa Rica, terminou nesta sexta-feira, 10, sem acordos além do compromisso entre os governos de facto e deposto de seguir negociando, disse o presidente costa-riquenho, Oscar Arias. O mediador ressaltou que as negociações serão retomadas "no período mais breve possível."
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"Nos próximos dias, anunciaremos a data do nosso próximo encontro", acrescentou Arias. Rebatendo as críticas sobre a falta de avanço no diálogo, o presidente afirmou também que "é pouco viável que em uma reunião se possam resolver conflitos tão profundos como os que dividem a família hondurenha". Pouco depois das declarações de Arias, o presidente autoproclamado de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que as negociações seguirão "até o último minuto."
Nesta sexta, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, criticou a "intransigência" das delegações do presidente deposto José Manuel Zelaya e de Micheletti. Para Insulza, será difícil encontrar um solução para a disputa no país em curto prazo. Insulza afirmou nesta que primeiramente é preciso um acordo para o restabelecimento constitucional, depois outras questões devem ser discutidas, como anistia e governo de unidade nacional.
Segundo o secretário-geral, não existe prazo para o fim das negociações, mas a OEA insiste como condição para readmitir Honduras no grupo o restabelecimento democrático, com a volta de Zelaya. "A verdade é que existe intransigência das duas partes", afirmou Insulza à agência France Presse quando questionado sobre uma solução para a crise. "O problema é que, quando os protagonistas conversam, vão embora e deixam suas equipes de negociadores, estes não são tão negociadores como se espera". "Há uma falta de vontade para discutir essas coisas", acrescentou.
Zelaya foi deposto e expulso de Honduras sob a mira de uma arma no último dia 28 de junho. Uma tentativa de retornar ao país no fim de semana passado fracassou depois que as autoridades bloquearam a pista de pouso do aeroporto de Tegucigalpa. A crise política eclodiu depois que Zelaya tentou fazer uma consulta pública para perguntar se os hondurenhos apoiavam suas medidas para mudar a Constituição. A oposição afirma que isso poderia ter posto fim ao atual limite de apenas um mandato por presidente e abrir caminho para uma possível reeleição de Zelaya.
A comunidade internacional pressiona Micheletti a devolver o poder a Zelaya. Militares, o Judiciário e o Legislativo de Honduras consideram que o presidente foi destituído legalmente - e não por um golpe -, uma vez que violou a Constituição ao tentar modificá-la para que pudesse ser eleito novamente. Várias alternativas vêm sendo discutidas por analistas. Em uma delas, Zelaya retornaria, mas teria de renunciar a seus planos de alterar a Constituição. Em outra, Micheletti permaneceria no poder, mas o presidente deposto poderia retornar a Honduras anistiado.
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