11 de outubro de 2010 | 17h01
Os protestos começaram na região subtropical dos Yungas (norte do país), área tradicional de produção de coca onde Morales tem enfrentado vários desafios políticos e sindicais, diferentemente do forte apoio que recebe do grêmio de trabalhadores da região central do Chapare, liderada por ele por mais de uma década.
"Hoje (segunda-feira) começou o bloqueio em vários pontos da rodovia. Estamos dispostos a dialogar, mas depende muito do governo. esperamos que mande uma comissão até o bloqueio", disse a uma rádio local o líder da associação de produtores de coca de La Paz, Víctos Sánchez, que organizou os protestos.
Os sindicatos da região dos Yungas, que de acordo com Sánchez mobilizaram pelo menos 3 mil pessoas, exigiram em um comunicado a demissão dos ministros de Governo, Sacha Llorenti, e de Desenvolvimento Rural, Nemesia Achacollo.
Também exigiram que se deixe sem efeito um novo regulamento que endurece o controle da comercialização interna de coca e que se acelere um até agora não definido projeto de industrialização dessa planta, da qual a Bolívia é o terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da Colômbia e do Peru.
Até o momento não houve nenhuma reação do governo boliviano, embora o presidente Morales tenha dito sábado passado em entrevista à imprensa que considerava "injustificados" os protestos, argumentando que já havia decidido o cancelamento da entrada em vigor do regulamento da coca que vem sendo questionado.
Morales também não comentou o pedido de demissão de ministros. Há alguns meses, o presidente rejeitou veementemente exigências similares de outros sindicatos de camponeses.
Até o final do ano passado, a Bolívia tinha cerca de 300 mil hectares de plantação de coca, o dobro do autorizado por diversas disposições legais.
(Reportagem de Carlos A. Quiroga)
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