Protesto regional paralisa Constituinte boliviana

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Por CARLOS ALBERTO QUIROGA
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Uma paralisação na cidade de Sucre (sul da Bolívia), a segunda em uma semana, levou na quinta-feira à suspensão por prazo indeterminado das deliberações da Assembléia Constituinte, que tem menos de três meses de prazo para aprovar a nova Carta. A presidente da Constituinte, Silvia Lazarte, uma camponesa governista, disse em Sucre que só convocará novas sessões "quando houver garantias para o normal funcionamento da Assembléia, sem pressões de nenhum tipo." Sucre, sede da Constituinte e capital legal da Bolívia, exige que a nova Constituição lhe transforme em sede dos Poderes Executivo e Legislativo, que atualmente funcionam em La Paz, reduto eleitoral do presidente Evo Morales. Os protestos dos sucrenses, inclusive com choques entre manifestantes e policiais em torno do teatro onde a Constituinte delibera, se intensificaram desde que a assembléia resolveu, há oito dias, retirar da sua pauta o tema da sede do governo, para evitar mais confrontos regionais. Jaime Barrón, reitor da universidade pública local e líder das mobilizações, rejeitou a acusação do governo de que sua causa estaria sendo impulsionada pela oposição de direita. De acordo com ele, a mudança da sede do governo é "antes de mais nada uma reivindicação democrática". O prefeito de La Paz, o governista Juan del Granado, interveio no debate na quinta-feira, propondo que a Constituinte se transfira temporariamente para outra cidade. A suspensão das sessões ocorre um dia depois de uma batalha campal entre deputados favoráveis e contra uma autorização para o julgamento de vários membros do Tribunal Constitucional. Morales propôs o processo de prevaricação contra os juízes por terem suspendido, em maio passado, quatro magistrados da Corte Suprema que ele havia nomeado por decreto durante um recesso do Congresso. A alta tensão política, com governistas e opositores se acusando de buscar uma ruptura da ordem democrática e até uma divisão do país, forçou também o adiamento por uma semana de uma sessão do Congresso convocada para designar os novos membros do Tribunal Constitucional.

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