O presidente do Equador, Rafael Correa, enfrenta na segunda-feira uma apuração mais apertada do que se previa em duas perguntas cruciais incluídas no referendo do fim de semana, relacionadas a reformas da Justiça e dos meios de comunicação, segundo dados oficiais parciais. O presidente esquerdista propôs aos equatorianos a designação de novos juízes, como forma de combater a corrupção e a criminalidade. Seus adversários dizem que essa intervenção fará Correa acumular poderes, e que isso será uma ameaça à democracia. Outra proposta polêmica é a de criar um órgão regulador para o conteúdo divulgado nos meios de comunicação, estabelecendo mecanismos de responsabilidade para os jornalistas - o que, no entender da oposição, limitaria a liberdade de expressão. O referendo incluía outras oito medidas em que a apuração dava ampla vantagem ao governo. A oposição, embora tenha aceitado a derrota, pediu vigilância na contagem dos votos, que vem refletindo um resultado mais apertado do que indicavam as pesquisas. "Ganhamos a partida. Ganhou o 'sim', indiscutivelmente (...) Querem gerar incerteza, elucubrações para deslegitimar uma vitória claríssima", disse Correa a jornalistas em seu gabinete. Com 40 por cento dos votos já apurados, os dados do Conselho Nacional Eleitoral mostram que o "sim" tinha menos de um ponto percentual de vantagem sobre o "não" na questão sobre a nomeação de novos juízes. A tendência se repetia na pergunta sobre o controle da mídia. Analistas dizem que esse resultado pode indicar um desgaste na popularidade do carismático Correa, que tem uma forte base de apoio entre os mais pobres graças a suas iniciativas sociais, mas que é acusado por rivais de ser autoritário e de tentar acumular poderes. "Os equatorianos, mano, queremos que você escute, reflita e se corrija. Você não é presidente somente dos que lhe disseram 'sim', mas de todo o povo equatoriano", disse a uma TV Fabrício Correa, irmão mais velho do presidente e um dos seus mais ferrenhos opositores. (Reportagem adicional José Llangarí)