28 de agosto de 2010 | 00h00
SÃO PAULO - O maior desafio dos 33 mineiros presos desde o dia 5 de agosto em uma mina de cobre e ouro no deserto do Atacama, no norte do Chile, é sobreviver a doenças infecciosas, cujo risco é potencializado pelas características do local em que os operários estão presos.
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Com a previsão de resgate de até quatro meses, os 33 trabalhadores devem enfrentar pneumonia, diarreia, perda de peso e trombose como consequência do confinamento.
Segundo o clínico-geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo, o risco de doenças entre eles é altíssimo. A poeira inalada dentro da jazida pode gerar silicose, doença que alguns dos mineiros mais velhos já têm e que provoca dificuldade de respiração e movimentação.
Já os fungos e bactérias que habitam o interior quente e úmido da mina podem gerar casos de pneumonia. "Uma boa ideia seria mandar máscaras especiais para eles", afirma Lichtenstein.
A falta de fossas no abrigo, do tamanho de um apartamento pequeno, também pode facilitar a disseminação de diarreia. "O ideal seria que eles improvisassem uma fossa para não contaminar o ambiente", diz o médico.
O espaço reduzido também contribui para problemas vasculares. A falta de movimentação pode causar atrofia muscular e trombose. Ainda de acordo com o clínico-geral, a privação de uma dieta adequada deve levar a um emagrecimento acelerado e, sem a luz do sol, os operários devem perder a noção do dia e da noite. "Com certeza, muitos vão morrer", acredita Lichtenstein.
Condições na mina
Os 33 mineiros presos sobrevivem há 22 dias com uma dieta racionada de duas colheres de atum enlatado, um gole de leite e meio biscoito a cada 48 horas.
O único canal de comunicação com o exterior tem 15 centímetros de diâmetro. É por lá que as equipes de resgate começaram a enviar soro e rações de proteína e glicose, semelhantes às consumidas por astronautas. Dentro da mina, os mineiros contam com acesso a água e canais de ventilação.
O resgate será feito por uma perfuradora que abrirá caminho no solo. Andres Sougarret, chefe da operação, afirmou que o período para abrir um túnel largo o bastante para a passagem segura dos homens pode levar até quatro meses.
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