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Se Honduras for à cúpula, poucos presidentes da Unasul irão, diz Garcia

Indecisão sobre participação de Porfírio Lobo em reunião divide lideranças na América Latina

Atualização:

BRASÍLIA - O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta quarta-feira, 5, que se o governante de Honduras, Porfirio Lobo, for à Cúpula da União Europeia (UE) com a América Latina e o Caribe na Espanha, "pelo menos dez presidentes latino-americanos" não irão ao encontro.

 

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"Se Honduras participar, pelo menos dez presidentes latino-americanos não irão a Madri, a começar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva", declarou Garcia, em referência à reunião que acontecerá na capital da Espanha nos dias 17 e 18 de maio.

 

No entanto, Garcia disse que está em condições de "assegurar que Honduras não irá", sem precisar em que estava baseada sua afirmação. A ameaça de boicote à cúpula da UE com a América Latina e o Caribe foi anunciada na terça-feira após o encerramento da reunião que realizaram na localidade argentina de Campana os presidentes da União de Nações Sul-americanas (Unasul). "Se o governo de Honduras for a Madri, nós não iremos à Cúpula já que não consideramos este um governo legítimo", declarou o líder equatoriano, Rafael Correa, quem exerce a Presidência temporária da Unasul.

 

O governo espanhol, entretanto, anunciou que a participação de Porfírio Lobo na cúpula será limitada, abrindo espaço para a viagem dos líderes latino-americanos. Segundo fontes da União Europeia, a viagem de Lula a Madri estaria garantida e o Itamaraty dá o assunto como encerrado.

 

A Espanha, que ocupa a presidência rotativa do bloco europeu, trabalha com a

possibilidade de que o ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya retorne ao país para facilitar a participação dos líderes latino-americanos que não reconhecem o governo de Lobo.

 

Na opinião de Garcia, um possível retorno a Honduras de Zelaya, derrubado em 28 de junho de 2009 e cujo mandato concluiu em 27 de janeiro, poderia "incidir" na posição do Brasil, embora tenha esclarecido que o governo brasileiro deveria tratar esse assunto "com os hondurenhos".

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Garcia afirmou depois a jornalistas, e em referência à Espanha, que "quem organiza (a Cúpula) tem de avaliar o debate que há na América Latina" sobre a questão hondurenha e buscar "um consenso, como propõe a Organização dos Estados Americanos (OEA)".

 

Garcia considerou que o convite feito pela Espanha a Honduras "foi um escorregão de algum funcionário que não estava atento", e acrescentou que o ministro de Exteriores do Brasil, Celso Amorim, entrou em contato com seu colega espanhol, Miguel Ángel Moratinos, para tentar resolver o problema.

 

Dos membros da Unasul, só Colômbia e Peru reconheceram a vitória de Lobo nas eleições organizadas em novembro pelo governo de fato de Roberto Micheletti após o golpe de Estado.

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