22 de julho de 2009 | 20h59
O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, responsável por mediar o conflito político em Honduras, entregou nesta quarta-feira, 22, uma nova proposta às delegações para tentar resolver o impasse. O plano, porém, insiste no retorno do presidente deposto, José Manuel Zelaya, ao poder, algo que o governo de facto, liderado por Roberto Micheletti, recusa-se firmemente a aceitar. "As partes cederam em certos pontos, mas não em coisas fundamentais, sendo, é claro, a mais importante delas o retorno de José Manuel Zelaya", reconheceu Arias.
A nova proposta - anunciada pelo costarriquenho como sua última opção - prevê a restituição de Zelaya em dois dias. Por outro lado, o plano de 11 pontos também pede ao líder deposto que desista de tentar mudar a Constituição hondurenha - iniciativa que culminou a crise política que o tirou do poder, em 28 de junho. Segundo Arias, se a proposta não for aceita, as partes devem buscar um novo mediador com a Organização dos Estados Americanos (OEA).
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Pouco depois do anúncio do último plano de Arias, a delegação que representa Zelaya já afirmava que o "diálogo fracassou". Já um representante de Micheletti na Costa Rica, Mauricio Villeda, disse que o rascunho do plano será entregue ao governo de facto "para que o diálogo continue", mas antes da divulgação da nova proposta o chanceler interino, Carlos Lopez, adiantara que seu governo não aceitaria nenhum acordo que incluísse a restituição de Zelaya.
Nesta quarta, o presidente deposto prometeu voltar ao país a partir desta quinta se nenhum acordo for alcançado. Em Honduras, a população continua realizando protestos. Milhares de simpatizantes do governo de Micheletti marcharam pelas ruas de Tegucigalpa nesta quarta em apoio à democracia e para expressar sua rejeição ao retorno de Zelaya e à "intromissão" do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Vestidos com camisetas brancas e azuis, as cores da bandeira hondurenha, os manifestantes percorreram uma avenida no leste da capital com destino ao centro da cidade, onde participaram de uma grande concentração. Os participantes da mobilização, que chegou a alcançar dois quilômetros de comprimento, gritavam palavras de ordem contra Zelaya, Chávez e Oscar Arias.
"'Mel' queremos te ver longe", diziam vários dos cartazes que os manifestantes carregavam, em alusão a Zelaya. Em um momento da manifestação, um grupo de estudantes do ensino médio tentou interferir no percurso, mas foram enfrentados pelos opositores a Zelaya e pela Polícia, que interveio para dispersá-los.
A chamada marcha "Pelo Patriotismo e a Coragem" foi convocada pela organização opositora a Zelaya União Cívica Democrática (UCD). O protesto foi realizado um dia depois que o governo de Micheletti deu um prazo de 72 horas para que a delegação diplomática da Venezuela em Tegucigalpa abandone o país.
A administração de Chávez antecipou que "utilizará todos os recursos necessários para preservar a integridade de sua missão diplomática em Tegucigalpa e a do pessoal credenciado pelo governo constitucional de Honduras", que só reconhece Zelaya como presidente.
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