ASSUNÇÃO - O Senado do Paraguai aprovou nesta quinta-feira, 22, por ampla maioria um projeto de lei que declara estado de exceção no norte do país para reforçar a operação de buscas a um grupo armado de esquerda que atua na zona. A aprovação foi um pedido do presidente do país, Fernando Lugo.
A decisão foi tomara depois da morte na quarta-feira de um policial e três civis que teriam sido atacados pelo grupo de esquerda Exército do Povo Paraguaio (EPP).
A Camara Alta, de maioria opositora, rejeitou a iniciativa apresentada horas antes por Lugo, mas aprovou medida similar com modificações que buscam evitar que os detidos possam optar por abandonar o país, explicou uma fonte parlamentar. O projeto, do senador opositor Marcelo Duarte, deve ser votado na Câmara antes de se tornar lei.
O projeto original de Lugo previa o estado de exceção nos departamentos (regiões) de San Pedro, Concepción, Amambay, Alto Paraguai e Presidente Hayes, limítrofes com Brasil e Bolívia, por um período de 60 dias.
Durante o estado de exceção, o Poder Executivo pode ordenar a detenção e a transferência de pessoas, assim como proibir ou restringir reuniões públicas e manifestações, segundo a Constituição.
"Pedimos que o projeto tenha um tratamento de urgência pela situação que o país vive nestes cinco departamentos e ao mesmo tempo pedimos que as Forças Armadas possam ter a liberdade de atuar nessas áreas", disse o presidente.
Vínculo com as Farc
Lugo suspendeu uma viagem para a Bolívia prevista para esta quinta e acionou um grande número de militares para o norte do país, onde o EPP age.
Vários dos integrantes do grupo de esquerda foram treinados e assessorados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), segundo as autoridades paraguaias. O EPP ainda é considerado um pequeno grupo radical, mas teme-se a possibilidade de que possa virar uma guerrilha como os grupos colombianos.
O EPP teria vínculos com as Farc e seus membros são responsabilizados por ao menos quatro sequestros desde 2001. O grupo seria formado por cerca de 100 guerrilheiros que reivindicam a luta armada para mudar o sistema e operam em zonas remotas, onde o Estado é muito pouco presente e impera o tráfico de drogas.
A última vez em que foi declarado do estado de exceção no Paraguai data de 2002, durante a gestão de Luis Gonzales Macchi, por conta de uma série de manifestações contra o governo que deixaram vários feridos.