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Senador pede mediação de Lula entre Colômbia e Venezuela

Troca de acusações acirra tensão desde que Hugo Chávez foi afastado por Álvaro Uribe do diálogo com as Farc

Por Agências internacionais
Atualização:

O senador colombiano Juan Manuel Galán, do Partido Liberal da oposição, propôs a mediação do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva na crise entre Colômbia e Venezuela, gerada após os últimos ataques verbais entre os presidentes colombiano, Álvaro Uribe, e o venezuelano, Hugo Chávez. Veja também: Chávez chama Uribe de mentiroso e confirma crise Uribe pede para Chávez 'não incendiar o continente' Chávez 'congela' relações com Espanha e Colômbia As relações entre Bogotá e Caracas começaram a se deteriorar na quarta-feira, com a decisão do governo colombiano encerrar a missão encomendada ao presidente Chávez para buscar um acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que permitisse a libertação dos seqüestrados. Chávez então afirmou que Uribe mentiu reiteradamente para justificar a decisão de pôr fim à mediação e disse que o país vizinho não quer a paz. Juan Manuel Galán, filho do assassinado candidato presidencial Luis Carlos Galán, pediu que Lula "convoque urgentemente, ainda nesta semana, uma reunião tripartida para que os presidentes Uribe e Chávez sentem-se para dialogar". Uribe acusou Chávez de se aliar às Farc e de promover um plano "expansionista" dentro da Colômbia. "A verdade, presidente Chávez, é que precisamos de mediação contra os terroristas, não uma [mediação] que legitime o terrorismo", disse Uribe. "A verdade, presidente Chávez, é que se o senhor está fomentando um projeto expansionista no continente, ele não tem vez na Colômbia." No sábado, Chávez disse sentir-se "traído" por Uribe e advertiu que as relações comerciais e bilaterais seriam comprometidas. Nesse mesmo dia, Uribe reiterou, em tom conciliador, sua "disposição de manter um diálogo construtivo" com Chávez, e acrescentou que as Farc tinham o interesse de "criar fissuras e antagonismos entre Colômbia e Venezuela". No domingo, Chávez anunciou que a reconciliação entre os dois governos seria impossível e que colocaria em um "congelador" a relação com a Colômbia, chegando a dizer que o presidente Uribe "cuspiu" em seu rosto. "Nós teremos que esperar por um novo governo na Colômbia para que possamos negociar", disse. Neste mês Chávez já alertara para a possibilidade de abalos nas relações comerciais com a Espanha depois que o rei Juan Carlos lhe mandou calar durante a Cúpula Ibero-Americana no Chile. Troca de acusações Ao afastar Chávez, Uribe alegou que o presidente venezuelano desrespeitou um acordo entre os dois segundo o qual ele não poderia se comunicar diretamente com o alto comando militar. Chávez nega que o acordo existisse e, por sua vez, atribuiu o seu afastamento à pressão americana e da elite colombiana sobre o presidente Uribe. Segundo a BBC, com a decisão de congelar relações com os vizinhos colombianos, Chávez pode criar graves problemas para os dois países, que são importantes parceiros comerciais. Desde agosto, Chávez vinha atuando como mediador entre o governo da Colômbia e as Farc para libertar 45 reféns em troca da liberdade de cerca de 500 guerrilheiros que estão presos.Entre os reféns das Farc está a senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt. Na terça-feira, em visita à França, Chávez disse que as Farc haviam prometido enviar até o final do ano uma prova de que a refém estava viva.

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