Silêncio editorial de Fidel Castro preocupa cubanos

Ex-líder cubano de 82 anos não publica suas colunas de opinião há um mês; sua saúde é segredo de Estado

PUBLICIDADE

Atualização:

O convalescente líder cubano Fidel Castro está há um mês sem publicar suas colunas de opinião, consideradas por muitos um termômetro de seu estado de saúde, e esse silêncio editorial está deixando a população inquieta. Fidel Castro, de 82 anos, publicou sua última "reflexão" em 15 de dezembro. Desde então, só apareceu na imprensa oficial com uma breve felicitação pelo 50.º aniversário em janeiro da revolução que o levou ao poder e de cujas festividades foi o grande ausente. Fidel Castro não aparece em público desde que ficou doente em julho de 2006 e transferiu o poder a seu irmão mais novo Raúl. Seu principal aliado, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, sugeriu no fim de semana passado que os cubanos não voltarão a vê-lo. "Sabemos que aquele Fidel, que ia às ruas e povoados de madrugada, com sua estampa de guerreiro, com seu uniforme e abraçando as pessoas, não voltará. Ficará na lembrança", disse ele domingo em seu programa de televisão "Alô Presidente!". "Fidel vai viver, como está vivo e viverá sempre além da vida física e deve viver, ele o sabe, anos. Ainda precisamos de você", acrescentou. Os comentários de Chávez, porém, não foram reproduzidos pela imprensa estatal cubana e só chegaram aos ouvidos daqueles com acesso à Internet ou televisão a cabo ilegal. A falta de "reflexões" é o que inquieta os cubanos. "Já faz tempo que não escreve. Pode ter piorado", disse a funcionária pública Yadira, de 32 anos. O diário Granma, do Partido Comunista, começou a publicar antigos discursos de Fidel Castro. Na quarta-feira, por exemplo, republicou um de janeiro de 1959, no qual o Comandante adverte sobre o risco de uma invasão pelos Estados Unidos. No fim do ano passado, Castro recebeu a visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, do chinês Hu Jintao e do russo Dmitry Medvedev. Não há indícios, entretanto, de que tenha se reunido com o presidente panamenho, Martín Torrijos, ou com o equatoriano, Rafael Correa, que visitaram Cuba nas últimas semanas. A última fotografia de Castro, tirada em 18 de novembro passado durante sua reunião com Hu, mostrou-o de pé e apertando a mão de seu hóspede. A saúde de Fidel Castro é um segredo de Estado em Cuba. Ele mesmo disse ter sofrido uma hemorragia intestinal que o deixou perto da morte, mas dois anos e meio depois não se sabe nem sequer do que convalesce.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.