Com a programação suspensa há um mês pelo governo Chávez, a RCTV anunciou nesta segunda-feira, 22, a criação de um outro canal internacional, o RCTV Mundo.
"Não vamos nos render e seguiremos fiéis aos nossos princípios e valores", disse Marcel Granier, presidente das empresas 1BC, donas do canal, em uma coletiva de imprensa. O executivo passará a ser diretor geral das duas emissoras, sucessoras da histórica Radio Caracas Television, de linha editorial muito crítica ao governo chavista.
Granier qualificou o novo canal como "um novo desafio pelo país e pela democracia na Venezuela" e destacou a intenção de estender sua programação para vários países da América.
Até agora, apesar de sua suspensão na Venezuela, a RCTVI transmite seus programas via satélite para várias ilhas do Caribe, Porto Rico e regiões da Colômbia e do Peru.
A Radio Caracas TV Internacional (RCTVI) começou suas transmissões em julho de 2007, apesar da negativa de Chávez em renovar a licença de emissão que o canal tinha há décadas.
Granier reiterou nesta segunda "sua vontade de seguir trabalhando na Venezuela", onde a empresa tem cerca de 1.500 empregados.
Seu canal passará a ser inscrito na Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) como "produtora nacional", o que a coloca sob a lei que, entre outras obrigações, exige que a emissora transmita os discursos presidenciais, consideradas "abusivas" por Granier.
O canal também não poderá interromper os programas para transmitir propagandas, pois a lei só admite publicidade no princípio ou no final da emissão, o que fontes da RCTVI consideraram economicamente inviável.
Em declarações durante uma coletiva de imprensa na sede do canal em Caracas, o diretor da Conatel e ministro de Obras Públicas, Diosdado Cabello, destacou que a RCTVI "está reconhecendo a lei" ao se inscrever como produtora audiovisual nacional.
A suspensão da transmissão a cabo da RCTV Internacional há um mês gerou manifestações no país a favor e contra medida tomada pelo governo Chávez, como ocorreu em maio de 2007, após a revogação de sua licença de transmissão na TV aberta.
Além da saída da RCTVI do ar, o meio televisivo venezuelanp está agitado nas últimas semanas pelo anúncio da saída do diretor da Globovision - também opositora ao governo -, Alberto Federico Ravell, do canal.
Ravell denunciou na semana passada que saiu da empresa porque teve discussões com outros acionistas sobre planos de venda do canal e insinou pressões do governo venezuelano para mudar a linha editorial da Globovision.